BE diz que Portas na Mota-Engil é politicamente criticável

Bloquistas desafiam ex-vice-primeiro-ministro a provar que não há incompatibilidade.

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Pedro Filipe Soares diz que é preciso reforçar o regime de incompatibilidades para quem ocupa cargos públicos Miguel Manso

O líder parlamentar do BE considera "politicamente criticável" o ex-vice-ministro Paulo Portas ir trabalhar com a Mota-Engil, reprovando a "porta giratória" entre Governo e privado, e defendeu que antigo governante prove que não há incompatibilidade. "A notícia de que Paulo Portas vai agora para um alto cargo da Mota-Engil é mais um exemplo daquilo que todos nós criticamos na política e que não deveria acontecer que é o saltar de um Governo para os privados, com um estalar de dedos e poucos meses depois de sair do Governo", disse Pedro Filipe Soares à agência Lusa.

Segundo o Expresso, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros e ex-vice-primeiro-ministro vai trabalhar com a Mota-Engil e garantiu que não há qualquer incompatibilidade com o que fez no Governo.

O líder da bancada parlamentar bloquista recordou que nos cargos que teve recentemente no Governo Paulo Portas "foi sempre responsável pela internacionalização da economia e agora está, com esse conjunto de contactos, de relacionamento, a oferecê-los ao dispor da Mota-Engil", considerando "politicamente criticável a escolha de Paulo Portas cerca de meio ano depois de sair do Governo".

"Mas há dois outros aspectos a realçar: um primeiro que tem que ver com o facto da própria Mota-Engil ter tido relações com o Estado, mas um segundo com a necessidade de provar – e creio que esse ónus está do lado de Paulo Portas – que de facto, mesmo perante a lei vigente não há aqui um aspecto de incompatibilidade no decurso da sua actuação", referiu ainda.

Pedro Filipe Soares insistiu na necessidade da lei "ser absolutamente clara para acabar com quaisquer alçapões que permitam este tipo de situações, em que se salta do público para o privado", realçando que o BE já tem em especialidade na Assembleia da República iniciativas legislativas para aumentar a defesa do interesse público e reforçar o regime de incompatibilidades.

"Queremos que quem sai do Governo seja obrigado, de forma mais clara a um período de nojo, não possa saltar depois para empresas privadas para fazer aquela conhecida porta giratória que nós tanto criticamos e que tão caro tem saído aos contribuintes do nosso país", criticou.

Na quinta-feira, o ex-líder do CDS-PP Paulo Portas tinha-se despedido da Assembleia da República num último discurso enquanto deputado, no encerramento de um debate agendado pelos centristas sobre envelhecimento activo e protecção aos idosos.