Menos de metade dos jovens britânicos vai votar no referendo
Decisão de sair da União Europeia pode ser decidida pelos eleitores mais velhos.
Os jovens britânicos são os que mais apoiam a permanência do Reino Unido na União Europeia, mas só 47% dos que têm entre 18 e 34 anos têm a certeza de que irão votar no referendo a 23 de Junho. Apesar de serem os jovens que mais sentirão os efeitos de uma eventual saída do país do espaço único europeu, são os mais velhos, os que têm mais de 65 anos e são os mais eurocépticos, os que já tomaram a decisão definitiva de que irão votar (80%), mostra um estudo de opinião divulgado esta sexta-feira.
O inquérito da Sociedade para a Reforma Eleitoral mostra que o fosso geracional que já terá afectado os resultados do referendo sobre a independência da Escócia, em Setembro de 2014, continua a pesar sobre o “Brexit”. Se na Escócia os jovens se sentiam entusiasmados com a ideia de independência mas não iam votar, no caso da relação do Reino Unido com a Europa, 75% dos jovens apoia a permanência do país.
Esta é a geração que considera a UE e os benefícios de um espaço único europeu como um dado adquirido. Mas só 16% dos britânicos que têm entre 18 e 24 anos se sentem “bem informados” acerca do que está em jogo neste referendo. Proporção que duplica nos que têm mais de 65 anos: 32% diz-se “muito bem informada” sobre aquilo a que são chamados a votar, num momento em que as sondagens dão praticamente um empate entre o "sim" e o "não".
“Este referendo não devia ser decidido por uma geração em nome de outra – esta é uma conversa a nível nacional que é fundamental ter, e tem de envolver toda a gente, não podem ser só os eleitores mais velhos”, afirmou Darren Hughes, vice-director executivo da Sociedade para a Reforma Eleitoral.
Nem a campanha pelo “não” nem a do “sim” têm conseguido alcançar os eleitores mais jovens, e os resultados deste estudo de opinião mostram que o problema se está a agravar, enquanto os políticos se dividem em guerras dentro dos partidos. “O grande abismo de 33% entre os jovens e os velhos no que toca à decisão de ir votar é um mau presságio para a nossa democracia”, avisou Hughes.
As reformas da lei eleitoral feitas pelo Governo de David Cameron que tornaram mais complicado o processo de registo dos eleitores também não facilitaram a participação dos eleitores mais jovens. No fim de Maio, quatro milhões de jovens ainda não se tinham registado e o prazo para o fazerem está prestes a terminar.