Jornalista da BBC expulso da Coreia do Norte
Correspondente e equipa técnica passaram o fim-de-semana detidos por causa de uma reportagem num hospital.
Uma equipa da BBC de três pessoas foi expulsa da Coreia do Norte, depois de passar o fim-de-semana em detenção, revelou esta segunda-feira a emissora pública britânica.
O correspondente Rupert Wingfield-Hayes e os dois elementos da sua equipa técnica (uma produtora e um operador de câmara) foram detidos na sexta-feira, quando se preparavam para abandonar o país. Depois de passarem os últimos dois dias detidos e de o jornalista ter sido sujeito a um interrogatório de oito horas, os três foram levados para o aeroporto.
Em causa está o trabalho da equipa durante a cobertura do sétimo congresso do Partido dos Trabalhadores. Foram convidados 130 jornalistas estrangeiros por ocasião do primeiro encontro do partido único em mais de trinta anos.
Porém, nos últimos dias foram reveladas as várias restrições impostas pelo regime liderado por Kim Jong-un aos jornalistas. As equipas de reportagem não puderam entrar no local onde decorreu o congresso, tendo antes sido levadas a locais previamente escolhidos, como fábricas. Os jornalistas foram sempre acompanhados por dirigentes norte-coreanos, que permitiam entrevistas a apenas algumas pessoas.
Wingfield-Hayes, jornalista da cadeia britânica baseado em Tóquio, “distorceu factos e realidades” sobre a Coreia do Norte, afirmou o secretário-geral do Comité para a Paz Nacional, O Ryong-il. “Eles falaram muito mal do sistema e da liderança do país”, acrescentou o dirigente, numa conferência de imprensa citada pela Reuters.
Durante a estadia em Pyongyang, o repórter questionou a autenticidade de um hospital que visitou. Segundo a reportagem da BBC, os pacientes pareciam “demasiado saudáveis” e não havia médicos de serviço, levando a uma conclusão que terá desagrado as autoridades norte-coreanas: “Tudo o que vemos parece encenado”, afirmou Wingfield-Hayes.
A quinta modelo norte-coreana onde (quase) não há agricultores
“A ideia de obrigar qualquer pessoa a abandonar o país e submetê-la a pressões destas apenas porque as autoridades norte-coreanas não concordam com o conteúdo das suas reportagens é profundamente preocupante, não apenas para mim, mas também para todos os outros jornalistas aqui presentes”, disse à AFP John Sudworth, jornalista da BBC que ainda continua na Coreia do Norte.