CDS escandalizado com chumbos da esquerda na natalidade, BE satisfeito
Bloco de Esquerda está com expectativas positivas depois de ver quatro das cinco recomendações ao Governo aprovadas.
Depois do debate sobre a natalidade, que decorreu nesta quinta-feira no Parlamento, a líder do CDS Assunção Cristas não poupou nas palavras para descrever os chumbos da maioria de esquerda a algumas propostas centristas: “escandaloso” e “impensável”. Já o deputado José Soeiro congratulou-se com o facto de quatro recomendações do Bloco do Esquerda (BE) ao Governo terem sido aprovadas, entre as quais a diminuição do horário de trabalho de pais e mães nos três primeiros anos de vida das crianças.
Os centristas saíram desapontados do debate: “Sinalizo que, dos 25 projectos que o CDS apresentou, liminarmente foram rejeitados 16 e estamos a falar de medidas tão importantes quanto três de apoio aos deficientes, várias de apoio à flexibilização do horário das creches, do teletrabalho, medidas relacionadas com a habitação ou apoio às empresas que se destaquem por medidas amigas das famílias", disse Assunção Cristas, citada pela Lusa, acrescentando que tal “é escandaloso” e “incompreensível”.
Já o BE saiu mais satisfeito do debate, uma vez que quatro das cinco recomendações ao Governo que constavam de um projecto de resolução foram aprovadas. Uma recomenda que se proceda a uma majoração extraordinária do abono de família nos três primeiros anos de vida, num valor ainda não definido.
A segunda proposta passa por promover a diminuição do horário de trabalho de pais e mães nos três primeiros anos de vida das crianças. José Soeiro disse ao PÚBLICO que o facto de esta recomendação ter sido votada favoravelmente cria uma expectativa “positiva” em relação à aprovação do projecto de lei que já está em discussão na comissão de trabalho e que também prevê esta diminuição.
A terceira proposta traduz-se na promoção, em conjunto com a Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, de uma maior protecção laboral das trabalhadoras grávidas, puérperas e lactantes, designadamente durante o período experimental, no trabalho. A quarta é para que se reforce os meios da Autoridade para as Condições para o Trabalho, no combate à precariedade, à discriminação de género nos locais de trabalho e na fiscalização do cumprimento dos direitos de parentalidade.
Já a proposta do BE que recomendava ao Governo que fosse aumentada a oferta pública de creches foi chumbada – o PS votou contra, a direita absteve-se, o PCP e PEV votaram a favor (o PAN não estava na votação).
Foram também aprovadas recomendações dos comunistas para o alargamento do tempo de licença obrigatória da mulher de seis para nove semanas, e do período de licença de paternidade para 30 dias obrigatórios e 30 dias facultativos, ou o pagamento do subsídio por riscos específicos a 100%.
Quanto ao CDS, dos nove projectos de lei que baixaram à comissão sem votação, estão alterações ao Código do Trabalho para alargar o gozo da licença parental complementar e da licença para assistência a filho aos avós, o aumento da licença parental exclusiva do pai, o aumento da duração da licença parental inicial a partir do terceiro filho e a criação de uma licença parental pré-natal. Outras propostas passam pelo estabelecimento de uma dispensa para assistência a filho em substituição da dispensa para amamentação ou aleitação, pela criação do subsídio pré-natal, do subsídio parental para nascimento prematuro, e da licença parental para nascimento prematuro. Com Lusa