Vacina Prevenar já chegou a 80% das crianças

Avaliação do cumprimento do Programa Nacional de Vacinação destaca impacto das carências de vacinas a nível mundial na cobertura da BCG e das vacinas que possuem a componente da tosse convulsa.

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A Prevenar foi a 13.ª vacina a ser introduzida no Plano Nacional de Vacinação REUTERS/Karoly Arva

A Prevenar 13, que previne doenças como a meningite, a pneumonia e a otite e que foi introduzida no Programa Nacional de Vacinação (PNV) na segunda metade do ano passado, já chegou a 80% das crianças. Numa avaliação do cumprimento do PNV divulgada nesta segunda-feira, a Direcção-Geral da Saúde destaca o acréscimo observado na cobertura da vacina face ao período em que esta era de prescrição médica e paga pelos pais — chegava então a um total de 60 a 70% da população-alvo.

Esta foi a 13.ª vacina a ser introduzida no PNV e isso aconteceu mais de uma década depois de a Prevenar estar a ser integralmente suportada pelas famílias (começou a ser vendida em 2001 e as três doses custavam cerca de 180 euros no ano passado). As crianças são vacinadas de acordo com o esquema recomendado de três doses (a primeira é dada aos dois meses de idade, a segunda aos quatro e a última entre os 12 e os 15 meses).

Os especialistas que propuseram a sua inclusão no PNV estimaram que a medida poderia ajudar a evitar entre 160 a 650 mortes e milhares de internamentos por ano devido a doença pneumocócica invasiva e não- invasiva, segundo os cenários mais e menos optimistas traçados na altura, e anteviram também um impacto nos casos de otite média aguda, a primeira causa de prescrição de antibióticos na criança.

Realizando-se todos os anos, a avaliação do cumprimento do PNV visa perceber as taxas de cobertura vacinal em determinadas coortes de nascimento (idades-chave). No final do ano passado, foram consideradas as crianças e jovens nascidos em 2001, 2008, 2013 e 2015.

O que fica claro é a quebra abrupta na taxa de cobertura da vacina contra a tuberculose (BCG), que, em 2015, chegou a apenas 31% da população-alvo porque o fornecimento da vacina foi suspenso desde o final de Maio do ano passado, devido a problemas de fabrico do laboratório dinamarquês que a produz. Depois de Portugal ter adquirido doses de BCG a um laboratório japonês, doses essas que estão a ser usadas para vacinar grupos de risco, a DGS está a ponderar a sua eventual retirada do PNV, deixando assim a vacinação contra a tuberculose de ser universal, como já acontece na maior parte dos países europeus.

De resto, a meta de 95% de cobertura do PNV foi atingida para todas as vacinas nas coortes de 2014, 2013 e 2001, destaca a Direcção-Geral da Saúde. Apenas o reforço pré-escolar das vacinas contra o tétano, difteria, tosse convulsa e poliomielite apresentou coberturas ligeiramente inferiores a 95%, notando a propósito os especialistas da DGS que a carência de vacinas a nível mundial, além de se fazer sentir na BCG, também está a ter impacto em "vacinas que contêm a componente da tosse convulsa".

Quanto aos resultados na cobertura da vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV), que causa o cancro do colo do útero, estes são considerados "exemplares a nível internacional”, por se ter atingido 70% (do esquema de três doses) da coorte que completou 14 anos no ano passado. Depois da mudança para o esquema de apenas duas doses (aos 10-13 anos), observa-se que 62% a 84% das jovens das quatro coortes alvo da vacinação no ano passado já tinham iniciado o processo.

 

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