Câmara de Lisboa diz que não há falta de estacionamento no Eixo Central
"Enquanto residente não sinto qualquer dificuldade no estacionamento na zona", afirma a directora municipal de Mobilidade e Transportes de Lisboa.
Ao longo dos últimos meses, o problema do estacionamento na zona, ou da falta dele, foi o que mais discussão motivou em torno do projecto de requalificação do Eixo Central, mas a directora municipal de Mobilidade e Transportes de Lisboa desvaloriza a questão e diz que não vê “utilidade” em saber quantos são os lugares à superfície que vão ser eliminados.
“Não consigo vislumbrar a utilidade desse exercício”, afirmou Fátima Madureira aos jornalistas, que viram goradas as várias tentativas que fizeram para perceber quantos são os lugares hoje existentes e quantos haverá daqui a nove meses, quando chegar ao fim a obra entre o Marquês de Pombal e Entrecampos. O único número que a dirigente municipal acedeu a divulgar foi o de novos lugares criados nas avenidas Miguel Bombarda, João Crisóstomo e António José de Almeida: 94.
“Enquanto residente não sinto qualquer dificuldade no estacionamento na zona”, disse ainda Fátima Madureira, acrescentando que “mais difícil” do que estacionar no Eixo Central é fazê-lo no Bairro Alto.
“Nem sei o que hei-de dizer”, reagiu o presidente da Associação de Moradores das Avenidas Novas quando confrontado pelo PÚBLICO com as declarações da directora municipal de Mobilidade e Transportes. Para José Toga Soares, elas revelam um “total desconhecimento” da realidade e exigem que quem as proferiu se retracte publicamente ou “tire consequências” do caso.
E é importante saber quantos são os lugares à superfície que vão ser suprimidos? “Claro que sim”, responde o presidente da associação, lembrando que na última sessão pública sobre o projecto de requalificação “não foi um, nem foram dois, nem três os moradores que se queixaram” do problema do estacionamento.
Quanto aos 94 lugares criados em artérias perpendiculares ao Eixo Central, José Toga Soares confirma que “houve algumas alterações no último fim-de-semana”. “Curiosamente a câmara não deu cavaco a ninguém sobre essas alterações”, lamenta.
O morador das Avenidas Novas acrescenta que a câmara ainda não deu conhecimento à associação a que preside do projecto que vai ser executado, e que inclui várias alterações face à versão anterior, nem agendou a primeira reunião de acompanhamento das obras.