Agressão a estudante português na Polónia foi "caso isolado"
Secretaria de Estado das Comunidades não recebeu qualquer queixa, mas diz-se atenta ao caso.
A agressão a um estudante português na Polónia não deve ser vista como um sintoma do recrudescimento do racismo e da xenofobia naquele país, segundo a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas. Ao gabinete de José Luís Carneiro não chegou qualquer queixa relativa ao caso e as tentativas de contactar o estudante têm-se revelado infrutíferas.
“Tudo nos leva a crer que foi um episódio isolado, que ficou entretanto sanado, e que o aluno já retomou a vida normal”, adiantou ao PÚBLICO fonte daquele gabinete.
Dada a ausência de queixas formais ou de qualquer pedido de retorno a Portugal, aquela fonte concluiu ter-se tratado de “um episódio único, sem a gravidade que chegou a temer-se”.
No dia 9 de Abril, o estudante português (um dos 15 que se encontram na cidade de Rzeszow, no sudeste da Polónia, a fazer Erasmus+, o novo programa de mobilidade da União Europeia para as áreas da educação, formação, juventude e desporto) terá sido alvo de um ataque racista. Durante uma saída nocturna, um homem, um militar de 38 anos, terá chamado lixo ao estudante, a quem puxou também pela roupa e pelo cabelo.
O professor responsável, Stanislaw Augustine, denunciou o caso à polícia. Como o PÚBLICO noticiou, o suspeito foi entretanto identificado pelas autoridades como sendo um militar de 38 anos, com 11 anos de experiência nas forças armadas e uma missão no Afeganistão. O caso foi remetido para a polícia militar e, segundo o portal de notícias de Rzeszow, os portugueses, alguns dos quais têm a pele mais escura, tinham sido confundidos com migrantes muçulmanos.
Stanislaw Augustine sustentara à imprensa local que não se tratou de um caso isolado. Alguns dos estudantes portugueses já teriam sido insultados em inglês e em polaco enquanto passeavam na rua, no que foi entendido como uma manifestação de aumento do racismo e da xenofobia na Polónia.
O gabinete do secretário de Estado das Comunidades, porém, tende a considerar exageradas tais interpretações. “Não me parece legítimo fazer essa leitura. Cremos ter-se tratado de um caso isolado e o facto de os nossos esforços para contactar os estudantes terem resultado infrutíferos parece-nos revelar isso mesmo”, sustentou a mesma fonte.
Como medida de precaução, os estudantes que estavam alojados num hostel foram entretanto transferidos para uma casa nos arredores da cidade e a escola de electrotecnia que o grupo frequenta decidiu contratar segurança para os proteger.