Caldeira Cabral afasta possibilidade de o Banco de Fomento ser um "banco mau"
Ministro da Economia foi ouvido na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas onde se recusou a admitir a a possibilidade de o governo alterar as previsões macroeconómicas
O ministro da Economia afirmou nesta quarta-feira que o executivo está a tentar alargar o âmbito de actuação da Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD), conhecida como Banco de Fomento, para que possa fazer outro tipo de operações, considerando tratar-se de "um projecto que não foi conseguido".
"Estamos a tentar alargar o âmbito de actuação da IFD para que possa fazer outro tipo de operações. Não é para ser banco mau, mas uma instituição com características grossistas", explicou Manuel Caldeira Cabral, durante uma audição na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas. Já ontem o presidente da Estrutura de Missão para a Capitalização das Empresas, José António Barros, tinha considerado essa possibilidade "um disparate gigantesco",
Questionado pelos deputados sobre uma eventual revisão das previsões macroeconómicas, o ministro da Economia disse hoje que "não está tudo a correr mal nem está tudo a correr bem". Caldeira Cabral recusou-se "alimentar a discussão", realçando que "os dados do Programa de Estabilidade serão revelados e não cabe a membros do Governo divulgá-los nestas comissões".
"Quando o Governo tiver esses trabalhos encerrados serão apresentados. Não viemos aqui para especular sobre projecções. Esse é um papel para os analistas", afirmou o governante no final de uma audição de mais de quatro horas.
Também sobre a subida do IVA para os 25%, que hoje foi a manchete do Correio da Manhã, o ministro da Economia recusou-se "especular sobre a notícia", contrapondo que "a carga fiscal este ano vai diminuir".
"É isso que está previsto no orçamento. E isso é uma inflexão face ao passado, quando a carga fiscal aumentou - e não foi só em 2012 e 2013, mas também no ano passado", lançou o governante. Ainda em resposta ao antigo ministro do Trabalho e da Segurança Social, Caldeira Cabral avisou que "os portugueses sabem o que aconteceu aos seus rendimentos, ao investimento e ao emprego nos últimos anos".
Em declarações aos jornalistas, o governante enfatizou "a impaciência dos deputados da antiga maioria", que culpou pelos atrasos no pagamento do QREN - Quadro de Referência Estratégico. "É algo que nos preocupa. Encontrámos alguma confusão e desorganização no fecho do QREN. Os processos de encerramento estão muito atrasados", afirmou o governante, adiantando que o executivo está a fechar contas que, em alguns casos, têm quatro anos.