PSD-Porto quer Rui Rio na AMP para dividir o palco com Rui Moreira
Governo de António Costa quer fazer coincidir as autárquicas com as eleições directas para as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. E o PSD olha para a este combate como uma “oportunidade de vitória”.
O independente Rui Moreira tem o caminho livre para se recandidatar à Câmara do Porto em 2017, sem grandes sobressaltos. Apesar da polémica interna, o PS preferirá aproveitar a boleia do presidente que gere a segunda autarquia do país do que arriscar uma candidatura própria com resultados imprevisíveis e o CDS já garantiu, pela voz da presidente do partido, Assunção Cristas, o seu apoio ao sucessor de Rui Rio na Câmara do Porto.
Só o PSD mantém, ainda, uma posição prudente, afirmando que “é preciso ver como é que a ‘geringonça’ vai estar em 2017”. “Se houver uma grande confusão, Rui Moreira não vai querer o apoio do PS, porque isso retira-lhe votos”, afirma o líder da distrital o PSD-Porto, Virgílio Macedo. “Rui Moreira tem de ser coerente com o projecto político que apresentou em 2013 e saber gerir muito bem a questão dos apoios dos partidos porque se não o fizer pode comprometer a sua base eleitoral”, declarou ao PÚBLICO o também deputado.
Salvaguardando que “não dispõe de toda a informação e que desconhece eventuais acordos que possam já existir entre o presidente e o PS”, o líder da maior distrital social-democrata adverte que “Rui Moreira não pode acenar com um projecto independente e depois integrar na sua lista pessoas conotadas com partidos políticos”, referindo-se ao vereador Manuel Pizarro, que preside à distrital do PS e que é apontado para número dois da futura candidatura. “Se isso acontecer, é óbvio que a candidatura de Rui Moreira deixa de ser independente”, adverte.
O dirigente nacional do PSD afasta qualquer comparação entre este (eventual) cenário e o que se passou em 2013, em que o movimento independente liderado por Rui Moreira contou com o apoio declarado do CDS. Por outro lado, sublinha que o “PS, como partido de poder, cometerá um erro se não apresentar um candidato à Câmara do Porto”. Atento às movimentações que se vão desenhando, o deputado revela que a “direcção nacional do partido terá uma palavra importantíssima a dizer sobre a candidatura social-democrata ao Porto. Esta questão não será deixada ao livre arbítrio dos órgãos distritais do partido”, argumenta.
Consciente de que o combate no Porto “será difícil”, Virgílio confessa que gostaria de ver Paulo Rangel a disputar as eleições autárquicas com Rui Moreira. “Pedro Passos Coelho pode sensibilizar Paulo Rangel ou outro qualquer militante para agarrar o desafio que o partido considere fundamental”, vaticina.
Mas no PSD há quem olhe para as autárquicas como uma oportunidade para o partido liderar a Área Metropolitana do Porto (AMP).O Governo quer fazer coincidir as autárquicas com as eleições directas para as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, que têm poderes vagos e autonomia reduzida.
Rui Rio é a personalidade que o partido considera que reúne as “melhores condições” para disputar a liderança da AMP. “O ex-presidente da Câmara do Porto é um forte candidato e pode disputar palco que hoje está reservado quase exclusivamente a Rui Moreira”, declara fonte social-democrata.
Ao PÚBLICO, Rui Rio disse que nunca pensou no cenário de uma candidatura à área metropolitana, mas considera que "está na altura de se fazer uma profunda reforma administrativa". Defensor da regionalização, o ex-autarca afirma que, antes de mais, "é preciso definir quais são as verdadeiras competências das áreas metropolitanas", que têm ter poder executivo e um orçamento próprio que lhes permita gerir, por exemplo, centros de saúde e, no caso do Porto, a Casa da Música, um equipamento que tem uma dimensão que vai para além da cidade.
Rui Rio é o nome que os socialistas mais temem para a AMP. Nos bastidores do PSD e do PS, fala-se de Manuel Pizarro para liderar uma candidatura à área metropolitana. No entanto, o nome do actual vereador e líder da distrital socialista não é consensual. Mas na calha há um outro nome: Guilherme Pinto, presidente da Câmara de Matosinhos, que em 2017 termina o seu terceiro mandato autárquico. O secretário-geral do PS, António Costa, aproveitou o recente congresso distrital do PS, onde Guilherme Pinto esteve presente, para o convidar para regressar às fileiras do PS, entregando-lhe a ficha de filiação do partido.