Diabetes: é possível combatê-la
O meu desejo mais profundo é assistir a uma mudança radical de abordagem que permita centrar a atenção na promoção da saúde, em vez de no tratamento das doenças.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, entre 1980 e 2015, o número de adultos com diabetes aumentou de 153 milhões para 415 milhões. Até 2030, a diabetes deverá ser a sétima principal causa de morte a nível mundial.
Assim, não é de estranhar que este ano o Dia Mundial da Saúde seja dedicado a uma doença cuja prevalência está a aumentar de forma tão drástica.
Actualmente, 30 milhões de pessoas na UE vivem com diabetes. Isto significa que, em média, pelo menos um dos seus vizinhos, um dos amigos da escola dos seus filhos ou uma pessoa que vê no autocarro a caminho do trabalho todos os dias sofre as consequências desta doença.
Mas tudo tem um lado positivo. Em primeiro lugar, em muitos casos, a diabetes do tipo 2 é evitável. Em segundo lugar, é também possível inverter o rumo da doença.
A experiência tem demonstrado que simples alterações no estilo de vida podem ser eficazes para impedir ou atrasar a diabetes do tipo 2. Estas alterações incluem manter um peso normal, exercer actividade física regularmente e ter um regime alimentar saudável.
Precisamos de uma mudança de comportamentos. Uma em cada cinco crianças em idade escolar já é obesa ou tem excesso de peso, e este número está a aumentar. A menos que comecemos a incutir na nova geração, desde o início, hábitos saudáveis de alimentação e actividade física, iremos criar uma geração de crianças que são «gordas para toda a vida» e que correm um maior risco de desenvolver uma série de doenças evitáveis.
Para promover hábitos saudáveis, é necessário criar condições para que todos os cidadãos tenham ao seu dispor e a preços acessíveis a possibilidade de adquirir alimentos saudáveis e de exercer exercício físico, e tornar menos acessíveis as opções menos saudáveis.
Para alcançar este objectivo, incentivo os Estados-Membros a utilizarem todos os recursos ao seu dispor nas várias vertentes políticas, desde a educação às campanhas de sensibilização e da publicidade à fiscalidade e à planificação urbana. Se queremos que os nossos filhos comam bem, temos de proporcionar alimentos saudáveis nas escolas, eliminar as máquinas de distribuição automática que vendem doces ou bebidas açucaradas nas escolas e disponibilizar a preços acessíveis em todos os supermercados alimentos de baixo teor de sal, açúcar e gordura.
Naturalmente, temos também de continuar a combater a diabetes do tipo 1. A este respeito, estou a trabalhar mais concretamente no sentido de melhorar as condições de vida das pessoas com diabetes, aumentar o acesso dos doentes a cuidados de saúde de qualidade em toda a Europa e apoiar a investigação para encontrar tratamentos novos e mais eficazes.
Novas soluções de Saúde em linha permitem, por exemplo, que os diabéticos monitorizem eles próprios a glucose no sangue e transmitam as informações por via electrónica ao especialista que os acompanha. A Saúde em linha é um dos 10 domínios identificados pela Comissão como prioridades fundamentais de normalização, sendo a minha prioridade pessoal continuar a trabalhar com os meus colegas na Comissão, as partes interessadas e os Estados-Membros para maximizar o potencial das soluções da Saúde em linha.
Sou o Comissário para a saúde, não o Comissário para a doença. Por conseguinte, o meu desejo mais profundo é assistir a uma mudança radical de abordagem que permita centrar a atenção na promoção da saúde, em vez de no tratamento das doenças. Temos provas concretas de que isto é possível. Necessito da vossa ajuda para as pôr em prática.
Comissário europeu para a Saúde e Segurança Alimentar