Museu de Marionetas do Porto deixa a Rua das Flores em Setembro

Prédio foi vendido e vai ser usado para outros fins. Câmara do Porto garante que já há solução para manter o museu na cidade.

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Rui Farinha

O Museu de Marionetas do Porto vai deixar o edifício reabilitado pelos seus fundadores, na Rua das Flores, em Setembro. Não o faz por querer, mas porque o novo proprietário do prédio pretende dar outro uso ao imóvel. Esta terça-feira, a CDU leva uma proposta à Câmara do Porto pedindo que o executivo tome “todas as diligências” para que o espaço se mantenha na cidade. O museu e a câmara afirmam que essa questão não se coloca e que as marionetas vão mesmo continuar no Porto.

Quando, em Agosto do ano passado, Isabel Barros descobriu que o Museu de Marionetas teria que abandonar o n.º 22 da Rua das Flores ficou “em estado de choque”. A directora artística do museu nem queria acreditar que depois de um investimento de cerca de 200 mil euros, suportado sem apoios públicos, para transformar o prédio no espaço sonhado por João Paulo Seara Cardoso, seria necessário recomeçar tudo de novo. O edifício, situado numa das ruas mais apetecíveis da cidade, e que a companhia alugara em 2002, fora vendido e o novo dono não estava interessado em manter ali um museu. Já o Teatro das Marionetas do Porto, apesar de ter direito preferencial de aquisição do imóvel, não conseguiu suportar os custos. “Procuramos ajuda, fizemos todas as tentativas, mas não tivemos capacidade financeira para comprar o espaço”, garante Isabel Barros. Passado o choque inicial, foi preciso meter mãos à obra. “O choque transformou-se em necessidade de reagir e tentar encontrar uma solução”, diz.

Em Novembro, pouco antes da morte do vereador da Cultura, Paulo Cunha e Silva, os responsáveis pela companhia e o museu reuniram-se com ele, dando início às conversações com a Câmara do Porto para se procurar uma alternativa. Isabel Barros diz que as negociações estão em curso e que está “absolutamente” fora de questão o teatro abandonar a cidade. Aliás, a intenção do Teatro de Marionetas do Porto é que o museu se mantenha no centro histórico, uma vez que a companhia tem a sua sala de espectáculos na Rua de Belmonte, na mesma área. “O museu faz sentido na cidade, ele nasce muito ligado à companhia e é nessa relação que ele tem sido cada vez mais trabalhado. Gostávamos muito de continuar no centro histórico”, diz Isabel Barros.

A responsável pelo museu diz que o apoio que será dado pela Câmara do Porto ainda está “em análise”, mas fonte da autarquia vai mais longe e diz mesmo que já há uma solução. “A solução está encontrada, nesta altura estamos a tratar do processo administrativo correspondente”, disse ao PÚBLICO fonte da assessoria de imprensa da câmara.

Sem querer adiantar qual a fórmula que terá sido apresentada ao Museu de Marionetas do Porto, a mesma fonte indica que o futuro espaço “terá uma componente municipal e uma não municipal” e admite que possa existir “uma componente no centro histórico”. A expectativa é que a nova casa do museu possa abrir ainda este ano, assim que se proceda à transferência do acervo da Rua das Flores.

O Museu de Marionetas do Porto era um sonho do fundador do Teatro de Marionetas do Porto, João Paulo Seara Cardoso, que morreu em 2010, sem ver o espaço aberto. Depois de trabalhos profundos de recuperação do edifício da Rua das Flores, o museu abriria portas em 2013, mas Isabel Barros diz que só recentemente é que o espaço está a funcionar em pleno, e sem vestígios de obras. Neste momento, e até 25 de Setembro, o museu apresenta a exposição “Make Love, Not War”, título de um espectáculo de rua encenado por Seara Cardoso. Esta será a última exposição na Rua das Flores.

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