PS Açores quer mitigar impacto da redução da base das Lajes
Socialistas afirmam que Ilha Terceira carece de atenção especial
O líder da bancada parlamentar do PS na Assembleia Legislativa dos Açores considerou esta segunda-feira urgente que o Governo da República e a administração norte-americana contribuam para a mitigação do impacto da redução militar na base das Lajes.
"Para nós, é absolutamente urgente e crucial que o Governo da República ponha mãos à obra e que junto das instâncias norte-americanas, em articulação com o Governo Regional, comecem a aplicar imediatamente o Plano de Revitalização Económica da Ilha Terceira (PREIT)", frisou Berto Messias, na abertura das jornadas parlamentares que o partido organiza nas Lajes para discutir a situação da base.
Segundo Berto Messias, é preciso manter a questão "viva e acesa", sobretudo depois de ter sido revelado o conteúdo de um relatório do Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América que afasta a hipótese de a base das Lajes receber um centro de informações, que está planeado para Inglaterra, ou qualquer outro uso alternativo.
"Apesar de ser uma má notícia, isso não deve fazer com que este assunto arrefeça. Pelo contrário, essa notícia aumenta a urgência da necessidade de uma intervenção séria e eficaz por parte do Governo da República e por parte também daqueles que são os principais responsáveis por esta situação, ou seja, por parte do governo norte-americano", salientou.
Para o líder da bancada parlamentar regional do PS, não obstante a questão laboral ter sido resolvida com um "sucesso relevante", tendo em conta que até ao momento todos os trabalhadores que deixaram a base das Lajes assinaram rescisões por mútuo acordo, a ilha Terceira "carece de uma atenção especial".
As jornadas parlamentares do PS iniciaram-se com as intervenções de quatro oradores convidados, que abordaram a questão da base das Lajes do ponto de vista da geopolítica, da pegada ambiental, do impacto económico e social e das questões laborais.
Segundo João Ormonde, ex-presidente da Comissão Representativa dos Trabalhadores da base das Lajes, a revisão do Acordo de Cooperação e Defesa, já reivindicado pelos governos regional e português, tem de ser feito com "muita ponderação, com muito juízo e com gente competente".
O ex-trabalhador da base salientou que os interesses do Governo da República não coincidem com os interesses dos Açores, por isso, o Governo Regional tem de estar "muito atento, forte e concertado com todos os partidos políticos", no sentido de que a região tire contrapartidas da utilização militar daquela infra-estrutura.
Por sua vez, Sandro Paim, presidente da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH), considerou que o Estado português tem "metido a cabeça debaixo da areia" e que já se deviam ter definido as contrapartidas pelo espaço que os norte-americanos querem continuar a utilizar na base das Lajes e criado um grupo de trabalho para definir a utilização das restantes infra-estruturas.
Para o presidente da CCAH, a ilha Terceira deve procurar captar investimento externo nas áreas do turismo e da agricultura, mas primeiro é necessário reduzir os tempos e custos dos transportes de carga, por via aérea e, sobretudo, marítima.