Preços pagos aos produtores de leite caíram 16% desde o fim das quotas

Produção aumentou, mas os preços recuaram devido à situação que o sector atravessa.

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Produtores de leite exigem soluções que permitam ultrapassar o fim das quotas. Helena Colaço Salazar

A queda do consumo, o embargo russo aos produtos agrícolas europeus e o fim do regime das quotas leiteiras ditaram um ano negro para os produtores nacionais de leite, que viram os preços cair 16% desde Abril de 2015.

Segundo os dados da Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios (ANIL), Portugal produziu no ano passado mais cerca de 3,5% de leite, com a produção a situar-se perto dos 2 mil milhões de litros, enquanto o preço pago aos produtores sofreu um decréscimo de cerca de 16%.

Entre Abril e Dezembro, o preço pago aos produtores de leite do Continente passou de 0,334 euros para 0,282 euros, o que significa uma redução de cinco cêntimos.

"Temos a forte percepção de que tendo baixado o preço do leite ao produtor aumentou o endividamento das explorações", diz Carlos Neves, da Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP), sublinhando que os produtores "procuraram investir para serem mais eficientes e produzirem leite de qualidade".

O presidente da ANIL, Carlos Leite, salienta que "a concorrência que mais tem penalizado a indústria nacional tem-se destacado somente pelo preço" e não por outras mais-valias para o consumidor, como a qualidade e a diferenciação.

Reconhece, no entanto, que ainda há um caminho a percorrer no que diz respeito à internacionalização e na "adequação da oferta nacional às exigências de um consumo muito mais diversificado e com especificidades distintas das do mercado interno".

Os produtores de leite têm promovido várias manifestações e acções em supermercados para exigir medidas ao Governo e sensibilizar a opinião pública para os problemas que o sector atravessa, pedindo aos consumidores que comprem produtos nacionais.

O ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, anunciou este mês uma redução de 50% nas contribuições para a Segurança Social, até ao fim do ano, e uma linha de crédito que pode ir até 20 milhões de euros.