Presidente do Brasil pôs Lula a trabalhar como "ministro informal"
Apesar de a sua nomeação ter sido suspensa pela Justiça, o ex-Presidente tem reuniões agendadas com o vice-presidente e os líderes do Senado e Câmara de Representantes.
Apesar de estar impedido de exercer como ministro, Luiz Inácio Lula da Silva foi chamado pela Presidente, Dilma Rousseff, a Brasília, onde a partir desta segunda-feira exerce a título "informal" o cargo de ministro da Casa Civil.
Lula tomou posse a 17 de Março, mas a nomeação foi suspensa pela Justiça. Não pode assumir o cargo que a Presidente lhe atribuiu até que o Supremo Tribunal Federal se pronuncie sobre se pode ou não ser nomeado, devido a estar a ser investigado no âmbito da Lava-Jato. O Supremo deverá anunciar a sua decisão a 30 de Março.
A opção de pôr Lula imediatamente a trabalhar, explica o jornal Folha de São Paulo, citando fontes próximas de Rousseff, tem como objectivo reafirmar a versão de que Lula aceitou a Casa Civil não para se proteger de uma eventual prisão, mas para tentar recuperar as condições de governabilidade de sua sucessora no Planalto. Nesse sentido, a sua primeira função é tentar encontrar uma estratégia que impeça o PMDB de romper com o Governo.
A cúpula nacional deste partido marcou para o dia 29 de Março a reunião em que tomará uma decisão sobre o assunto, podendo a crise política agravar-se ainda mais em caso de rompimento — o PMDB é parceiro da coligação no poder liderada pelo Partido dos Trabalhadores.
Na agenda "informal" de Lula está uma reunião com a Presidente sobre a estratégia a adoptar e encontros com o vice-presidente, Michel Temer, e com o presidente do Senado, Renan Calheiros, ambos do PMDB.
A ofensiva destinada a salvar o Governo, segundo assessores presidenciais, pode incluir também uma conversa entre Lula e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), adversário de Dilma Rousseff e responsável pelo arranque do processo de destituição contra a Presidente.
Michel Temer, que considerara que a entrada de Lula no Governo iria ajudar os parceiros de coligação a entenderem-se, tem agora dúvidas sobre se isso será suficiente para evitar o afastamento do PMDB. Temer, diz a Folha, não está contente com a Presidente, que deixou de o receber e fez nomeações à revelia do que estava combinado entre as duas partes.