Guerra de números nas manifestações pró-Governo do Brasil
É grande a distância entre os números avançados pelos organizadores e os avançados pela polícia em 27 manifestações.
Não se sabe ao certo quantas pessoas pró-Governo se manifestaram sexta-feira em 26 Estados e no Distrito Federal. Os números avançados pela imprensa brasileira são muito díspares.
Exemplar é a Avenida Paulista, em São Paulo, um dos epicentros da mobilização. Os organizadores contaram 350 mil pessoas no pico, isto é, às 18h30. Já o Instituto Datafolha contou 95 mil e a Polícia Militar (PM) 80 mil. Em qualquer caso, menos do que no último domingo, 13 de Março, quando a PM falava em 1,4 milhão, os organizadores em 2,5 milhões e o Instituto Datafolha em 500 mil.
O protesto, em São Paulo, começou às 15h. Os manifestantes ouviram "Lula lá", jingle utilizado pela campanha do ex-Presidente nas eleições de 1989. Foi nesse cenário que o ex-Presidente discursou, por volta das 20h. “Protestem. Eu nasci na vida fazendo protesto”, declarou. "A maioria do povo brasileiro quer paz, quer democracia, quer tranquilidade, e quer deixar a companheira Dilma governar porque foi para isso que ela foi eleita."
Já no Rio de Janeiro, os apoiantes do Governo acorreram à Praça XV, no centro da cidade. O que ali se viu, diz a imprensa brasileira, foi uma espécie de manifestação cultural. Noite dentro, os discursos intercalavam com apresentações musicais, num ambiente polvilhado de gritos contra a destituição da presidente Dilma Rousseff e em defesa do ex-Presidente Lula da Silva. Os organizadores contabilizaram 70 mil pessoas, a PM não divulgou números.
Já em Brasília, as pessoas concentraram-se no Museu da República e, durante a noite, seguiram para o Congresso Nacional. Aí, a organização contou 50 mil e a PM 6 mil pessoas por volta das 21h15.
A diferença de contas repetia-se nos 27 locais. Em Belo Horizonte, por exemplo, a PM falava em 5000 e a organização em 20 mil pessoas. Em Salvador, a desproporção era de 60 mil para 150 mil. No Recife, de 15 mil para 200 mil. Em Fortaleza, de 5000 para 80 mil. Em Porto Alegre de 10 mil para 50 mil.
A ida de Lula para o governo de Dilma Rousseff, anunciada esta semana, gerou uma sucessão de protestos nas ruas por parte dos sectores que defendem o impeachment da Presidente brasileira. Na sexta-feira, foi a vez dos apoiantes do governo irem para as ruas em todo o país. A manifestação de São Paulo, que ocupou a Avenida Paulista, foi a maior. Lula, que ainda não tinha falado publicamente desde a sua nomeação para o governo, acusou a oposição de não aceitar os resultados das eleições presidenciais de Outubro de 2014, que deram a vitória a Dilma Rousseff, e de falar em democracia “da boca para fora”.
Lula está impedido de exercer as funções de ministro da Casa Civil por ordem judicial mas anunciou que na próxima terça-feira, dia da transmissão do cargo, “se não houver impedimento”, estará “orgulhosamente servindo a Presidente Dilma, o povo brasileiro, o trabalhador brasileiro”. “Eu vou lá para ajudar a companheira Dilma a fazer as coisas que ela tem que fazer neste país", disse.