Polícia Judiciária faz buscas na consultora KPMG
Diligências estão a ser conduzidas pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção, no âmbito das investigações relacionadas com o antigo GES/BES.
A sede da consultora internacional KPMG em Portugal está a ser alvo de buscas por parte de elementos da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária, segundo confirmou o PÚBLICO. Fonte oficial da Procuradoria-Geral da República adiantou que "estas diligências realizam-se no âmbito das investigações relacionadas com o denominado 'universo Espírito Santo', que correm termos no Departamento Central de Investigação e Acção Penal".
De acordo com o Expresso, que deu a notícia, a operação policial estará relacionada especificamente com o caso BES Angola (BESA). Esta instituição esteve ligada ao colapso do BES/GES pela elevada exposição ao banco onde o BES era o maior accionista, com centenas de milhões de euros a desaparecerem sem rastro.
Através de comunicado enviado às redacções, a KPMG Portugal confirmou que "decorreram diligências por parte das autoridades judiciais" no escritório de Lisboa, "relativamente a processos em curso relativos ao universo BES". A consultora ressalva que as buscas "não visam a KPMG Portugal, que é mera depositária de informação".
A KPMG Angola era a consultora que fazia as auditorias ao BESA, hoje denominado Banco Económico (no âmbito de uma reestruturação accionista que levou à entrada da Sonangol, como maior investidor, cabendo ao Novo Banco uma pequena posição). Por sua vez, a KPMG Portugal era a auditora do BES e do Espírito Santo Financial Group (ESGF). O presidente das duas auditoras, com ligações entre si, era Sikandar Sattar. Este responsável foi ouvido por duas vezes na comissão parlamentar de inquérito formada para tentar clarificar o fim do BES/GES. Primeiro, como presidente da KPMG Portugal, no dia 2 de Dezembro de 2014. Dias depois, a 13 de Janeiro, foi ouvido pelo deputados enquanto presidente da KMPG Angola. Uma diferença substancial foi que, desta segunda vez, a audição decorreu à porta fechada.
O plano de recapitalização do BESA, que conduziu à sua transformação em Banco Económico, foi aprovado em Angola em Outubro de 2014, ou seja, há cerca de ano e meio, e aconteceu após a intervenção no BES, que ocorreu no início de Agosto desse ano. Com Luís Villalobos