Câmara do Porto elimina definitivamente o pesticida glifosato

Em Março de 2015, a autarquia do Porto deixou de usar definitivamente o químico por ter sido considerado um "cancerígeno provável para o ser humano".

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Fábio Reis/Câmara Municipal do Porto

O uso do pesticida glifosato foi definitivamente eliminado no controle de plantas invasoras da Câmara do Porto, depois de ser considerado em Março de 2015 como um “cancerígeno provável para o ser humano” pela Agência Internacional para a Investigação Contra o Cancro (AIIC) da Organização Mundial de Saúde (OMS). A Campo Aberto felicitou a iniciativa da autarquia, lamentando apenas a demora de “quase 15 anos”.

O método mecânico agora utilizado para o combate às plantas invasoras depende maioritariamente de recursos humanos, auxiliados por meios mecânicos assim como o uso pontual de compostos orgânicos. Esta alteração surge tendo em conta “a saúde pública e a prática ambiental sustentável”, pode ler-se no comunicado da autarquia.

A Campo Aberto, associação de defesa do ambiente, felicitou a decisão tomada pela câmara, lamentando a necessidade de um “escândalo mundial como o da revelação dos prováveis efeitos cancerígenos de um pesticida, para, quase 15 anos depois da nossa proposta, se ter procedido ao abandono de pesticidas e herbicidas na cidade”. Em Julho de 2002, a associação, nas Jornadas Municipais do Ambiente do mesmo ano, já havia sugerido a utilização de “uma jardinagem mais ecológica” através da redução e ou eliminação de herbicidas bem como a utilização de compostagem de matéria orgânica.  

A associação deixou ainda um alerta à população para a necessidade de evitar o consumo de alimentos produzidos com recurso a este químico em alguma fase da sua produção. Aconselha ainda ao consumo “sempre que possível” de produtos provenientes da agricultura biológica

Para além das vantagens para a saúde pública, a implementação deste método no município apresenta ainda resultados ao nível da reciclagem. Todos os resíduos produzidos na remoção das plantas serão recolhidos e posteriormente enviados para o ecocentro para serem encaminhados para a Central de Valorização Orgânica (CVO) da LIPOR.

O químico usado pertence ao grupo dos pesticidas sistémicos não selectivos, significando que mataria qualquer planta com que entrasse em contacto. Segundo dados disponibilizados pela Quercus, estima-se que, em 2012, em Portugal, 1400 toneladas deste pesticida foram usados para fins agrícolas. Entre 2002 e 2012, o uso do glifosato na agricultura mais do que duplicou.

Texto editado por Ana Fernandes

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