Investigação a vice-Presidente não afecta relação Portugal-Angola

A garantia é do novo embaixador português em Luanda, que apresentou nesta quinta-feira as credenciais ao Presidente José Eduardo dos Santos.

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Manuel Vicente está indiciado por corrupção activa em Portugal DR

O novo embaixador de Portugal em Angola, João Caetano da Silva, afirmou nesta quinta-feira, questionado pelos jornalistas, que a operação em Lisboa que já levou à indiciação do vice-Presidente de Angola por corrupção activa não afectará as relações bilaterais.

O diplomata falava no palácio presidencial, em Luanda, depois de apresentar as cartas credenciais ao Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, assumindo desta forma, oficialmente, as suas funções em Angola.

Embora sublinhando que a investigação em Portugal diz respeito a "questões do foro judicial", João Caetano da Silva manifestou confiança em que o processo não afecte as relações entre os dois países.

"De modo nenhum [vai afectar as relações]. E a minha intenção é de fortalecer cada vez mais as relações entre os dois países", assumiu o novo embaixador, que aguardava por acreditação em Angola desde o início de Dezembro.

"Não deixaremos em nenhum momento" que eventuais dificuldades "interfiram" na "determinação de promover as relações bilaterais", um "objectivo dos dois governos", disse.

"A minha linha de actuação é no domínio institucional, eu represento o Presidente e o Governo português e, por isso, aquilo que eu vou promover são as relações institucionais entre os dois países, que estão acima de circunstâncias conjunturais e que continuarão a ser relações muito próximas e de grande amizade", acrescentou o diplomata, depois de um encontro de mais de 30 minutos com José Eduardo dos Santos.

O vice-Presidente de Angola, Manuel Vicente, está indiciado de corrupção activa na mesma operação que levou à detenção, na terça-feira, do procurador Orlando Figueira, disse à Lusa fonte ligada ao processo.

A mesma fonte indicou que o Ministério Público indiciou Manuel Vicente e o advogado português Paulo Blanco do crime de corrupção activa em co-autoria.

Fontes próximas do executivo angolano, contactadas pela Lusa, recusaram até agora fazer qualquer comentário a esta investigação em Portugal.

O procurador do Ministério Público Orlando Figueira — em licença sem vencimento desde 2012 — deverá estar a ser ouvido por uma juíza de instrução criminal, no Campus de Justiça de Lisboa, depois de ter sido detido, no âmbito da Operação Fizz, por suspeitas de corrupção passiva, branqueamento de capitais e falsidade informática.

Orlando Figueira foi o procurador responsável pelos processos BES Angola e Caso Banif, que arquivou, relacionados com capitais angolanos.

O novo embaixador português em Luanda, que chega a Angola depois de cumprir funções idênticas no México, manifestou o objectivo de "promover e fortalecer as relações muito intensas, de grande amizade e alguma complexidade" entre ambos os países e com Portugal disponível para colaborar no processo de diversificação da economia angolana, nomeadamente na agricultura.

"Pretendo fazer mais e melhor e ser um interlocutor próximo e credível do Governo de Angola", rematou João Caetano da Silva.