Banco Europeu de Investimento financiou 1400 milhões de euros em Portugal

Empréstimos às PME envolveram linhas de crédito de oito bancos. Acordo com maior volume de financiamento foi assinado com o Novo Banco.

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O Novo Banco assinou o projecto com o maior volume de financiamento, de 300 milhões de euros Rita França

Os projectos submetidos por grandes bancos portugueses e empresas na área da energia e inovação junto do Banco Europeu de Investimento (BEI) atingiram um montante de financiamento de 1413 milhões de euros no ano passado, crescendo 7% em relação a 2014. O Novo Banco foi o banco que assinou o projecto com o maior volume de financiamento, num total de 300 milhões de euros para alavancar as linhas de crédito das “PME e outras prioridades”. Para este ano, o BEI espera que a actividade em Portugal continue a crescer, também à boleia dos projectos do Plano Juncker.

As conclusões da actividade do BEI foram divulgadas nesta quinta-feira em Lisboa por Román Escolano, um dos vice-presidentes da instituição. Para o responsável pelas operações de financiamento do banco em Portugal, 2015 foi “um bom ano de actividade” e há uma razão para isso. “Estamos a regressar a níveis de financiamento pré-crise”, vinca.

Dos 1413 milhões de euros de financiamento concedido, 909 milhões foram para Pequenas e Médias Empresas (PME) e as chamadas empresas de média capitalização, segmento onde o montante envolvido aumentou 4% em relação a 2014, em que o valor tinha sido de 875 milhões.

Em segundo, com 209 milhões de euros, surgem os financiamentos na área do ambiente, onde se incluem projectos de energias renováveis, eficiência energética e transportes sustentáveis.

Para as actividades de apoio à inovação e competências foram mobilizados 191 milhões de euros. Para as infra-estruturas estratégias no sector dos transportes, energia e infra-estruturas urbanas, o valor do financiamento foi de 105 milhões.

A mobilização de verbas do BEI, que na sua maioria são encaminhadas para as empresas através das linhas de crédito dos bancos comerciais, chegou a cerca de 4300 PME, com um financiamento médio de 210 mil euros por um período médio de seis anos.

Román Escolano sublinhou que o ano de 2015 foi importante para o mercado português, onde houve “a introdução de novas actividades e projectos”, como o financiamento directo a projectos no sector da agricultura. Foi o caso da Sapec Agro, grupo centrado nos produtos químicos e biológicos para uso agrícola, a quem o BEI concedeu um empréstimo de 25 milhões de euros para um programa de investigação e inovação a decorrer até 2018.

No caso dos bancos comerciais, o BEI trabalhou com oito instituições presentes no mercado português para fazer chegar os empréstimos às empresas – além do Novo Banco, com linhas de crédito no valor de 300 milhões, foram assinados acordos com o BCP, para a mobilização de 250 milhões, com o Montepio e o Santander Totta (200 milhões de euros de financiamento por cada um), o Banco Popular (100 milhões), o BPI e o Crédito Agrícola (50 milhões cada) e o Deutsche Bank (38 milhões).

Román Escolano dá um sinal de confiança na banca no país, dizendo que o BEI tem trabalhado “normalmente com qualquer banco português”, seja com as grandes instituições, seja com as mais pequenas.

Há empresas a quem foram dado financiamento directamente. À REN foi concedido um empréstimo de 80 milhões de euros para o programa de investimento de modernização da rede de transporte de electricidade.

Com o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana foi assinado um financiamento de 25 milhões de euros. Outro caso de financiamento directo envolveu um projecto de apoio à investigação, no valor de 12 milhões de euros, da empresa Biosurfit, que actua na área do diagnóstico médico.

O financiamento das operações em Portugal representa apenas uma pequena fatia da mobilização de fundos do BEI a nível europeu. Em toda a União, o financiamento totalizou 69,7 mil milhões de euros no ano passado. A instituição sedeada no Luxemburgo também actua em operações fora do espaço comunitário e, neste segmento, o financiamento foi de 7,8 mil milhões de euros.

Sobre o Plano Juncker, programa com o qual a Comissão Europeia quer injectar na economia europeia 315 mil milhões de euros de investimentos, com o impulso do BEI, o vice-presidente descreveu-o como “uma nova forma de usar os fundos europeus, mudando a forma como estes fundos são mobilizados”, transformando estes recursos em garantias e empréstimos. “É uma mudança importante em termos de filosofia” em que o BEI prevê mobilizar um financiamento de 60 mil milhões de euros ao longo de quatro anos (de 2015 a 2018).

Este ano, disse, são assinadas as primeiras operações financiadas ao abrigo do plano Juncker, para Portugal, adiantou Román Escolano, que se referiu ao programa de investimento europeu como a “grande iniciativa e aposta do BEI nos próximos anos”.

No caso português, o vice-presidente do BEI sublinha a oportunidade de o plano de investimento para a Europa poder trazer “estruturas inovadoras de financiamento”.

“Não temos quotas por países, mas claro que o Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos e o BEI têm uma grande diversidade entre os 28 Estados-membros”, enfatizou, dizendo ser “absolutamente lógico ter uma diversidade entre os 28 países” para que a mobilização de fundos tenha impacto de conjunto em toda a economia europeia.

 

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