Bispos preocupados com legalização da eutanásia
"A vida humana tem sempre a mesma dignidade em todas as suas fases, independentemente das circunstâncias ou condições ", defende Igreja
O conselho permanente da Conferência Episcopal Portuguesa manifestou-se esta segunda-feira preocupada com a legalização da eutanásia. <_o3a_p>
Face ao debate em torno da morte assistida, o porta-voz da Conferência Episcopal, Manuel Barbosa, recordou que, para a Igreja, "a vida humana tem sempre a mesma dignidade em todas as suas fases, independentemente das circunstâncias ou condições, quer externas ou internas". <_o3a_p>
"[Queremos] manifestar a preocupação sobre a reflexão que está a ser feita sobre a legalização da eutanásia", afirmou o padre Manuel Barbosa, no final da reunião do conselho permanente deste organismo, em Fátima. E acrescentou que a posição da Igreja é a da defesa da vida “na sua integridade e integralidade", não aceitando posições a favor da morte assistida. <_o3a_p>
O mesmo porta-voz lembrou ainda que o presidente da Conferência Episcopal, o cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, disse que legalizar a eutanásia é “abrir uma porta muito difícil de fechar". <_o3a_p>
"A resposta tem de ser sempre de motivação para viver", afirmou também Manuel Clemente, citado pelo porta-voz da Conferência Episcopal, que sublinha que "é preciso gerar e intensificar presenças fraternas e solidárias junto do doente e promover mais e melhores cuidados paliativos para o sofrimento". <_o3a_p>
Segundo Manuel Barbosa, a Conferência Episcopal poderá convidar "alguns especialistas" para debater o tema. O porta-voz falou ainda das alterações à legislação sobre o aborto e sobre a adopção por casais do mesmo sexo. Os bispos voltaram a defender que estes temas "deviam ser mais debatidos". <_o3a_p>
"São grandes valores que estão em causa, de relevante alcance ético, antropológico e social", sublinhou Manuel Barbosa. <_o3a_p>
Um manifesto do Movimento Cívico para a Despenalização da Morte Assistida assinado por 112 personalidades defende ser "urgente despenalizar e regulamentar a morte assistida". Entre os signatários contam-se políticos de vários quadrantes, como os socialistas Álvaro Beleza e Helena Roseta, os antigos dirigentes do Bloco de Esquerda Ana Drago e Daniel Oliveira, os ex-coordenadores deste partido Francisco Louçã e João Semedo, os ex-candidatos presidenciais António Sampaio da Nóvoa e Marisa Matias, a deputada do partido ecologista Os Verdes Heloísa Apolónia, os sociais-democratas Paula Teixeira da Cruz, Rui Rio e Pacheco Pereira, o fundador do Livre Rui Tavares e o antigo capitão de Abril Vasco Lourenço. <_o3a_p>
Médicos, investigadores e personalidades ligadas à cultura completam a lista de signatários do manifesto, que defende que, tal como o direito à vida está consagrado em lei, também "o direito a morrer em paz" o deve ser. <_o3a_p>