Portugal pode "perturbar" mercados, se "inverter caminho", diz Schäuble
Declarações foram feitas à entrada da reunião do Eurogrupo, que decorre nesta quinta-feira e que vai comentar a proposta de Orçamento do Estado.
O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, afirmou que Portugal "deve estar ciente de que pode perturbar os mercados financeiros, se der impressão de que está a inverter o caminho percorrido".
"Estamos atentos aos mercados financeiros e Portugal deve estar ciente de que pode perturbar os mercados financeiros, se der impressão de que está a inverter o caminho que tem percorrido – o que será muito delicado e perigoso para Portugal", afirmou.
As declarações foram feitas à entrada da reunião do Eurogrupo, que decorre nesta quinta-feira em Bruxelas, e que vai comentar a proposta de Orçamento do Estado para 2016, que a Comissão Europeia aprovou na semana passada após intensas negociações com o Governo.
Na última sexta-feira, o executivo comunitário deu luz verde ao plano orçamental depois de Lisboa ter apresentado medidas adicionais, cujo impacto global estimado variará entre os 970 milhões de euros (expectativas de Bruxelas) e os 1125 milhões de euros (projecções do Governo).
A diferença de 155 milhões de euros não impediu a Comissão de dar o seu aval ao projecto orçamental, embora apontando para os riscos de incumprimento, algo que também deverá constar da declaração do Eurogrupo.
Já nesta quinta-feira, a ministra da Presidência, Maria Manuel Leitão Marques, considerou preocupante o aumento dos juros da dívida soberana portuguesa, mas sustentou que essa subida se insere num quadro global de instabilidade financeira internacional e não se deve a factores específicos nacionais.
Confrontada com o facto de os juros da dívida portuguesa a dez anos terem atingido os 4,5%, Maria Manuel Leitão Marques comentou que "naturalmente o Governo não podia deixar de estar preocupado com essa questão, mas, como é sabido, essa instabilidade é infelizmente global e internacional, afectando mais uns países do que outros".
"Estamos a olhar atentamente para essa situação, que obviamente preocupa toda a zona euro e, em particular, os países mais afectados por essa instabilidade", afirmou a ministra da Presidência.