Estas cinco inovações não foram feitas por médicos

Uma prótese de baixo custo, um vibrador de frequências, vestuário resistente à água, uma mochila para dispositivos e bonecas e um tablet para melhor comunicar: pais e filhos encontraram as soluções que hoje são comercializadas e venceram prémios.

Anna tinha acabado de entrar para a escola quando descobriu que tinha diabetes
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Anna tinha acabado de entrar para a escola quando descobriu que tinha diabetes DR
O pacote D-girl é uma combinação de brincadeira e assunto sério
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O pacote D-girl é uma combinação de brincadeira e assunto sério DR

A mão 3D nascida de uma marioneta

Uma mão gigante feita para um peça de teatro por um artista residente em Seattle, nos Estados Unidos. Assim começa esta história improvável. Ivan Owen fazia marionetas e, certo dia, decidiu partilhar no YouTube um vídeo onde mostrava essa tal mão. O espanto dele veio depois, quando da África do Sul um carpinteiro o contactou com um pedido insólito: poderia o americano fazer-lhe uma mão para ele utilizar como substituta de três dedos cortados numa máquina de trabalho? Ivan Owen acedeu ao pedido — e depois desse choveram solicitações. Uma delas de Portugal. A mãe de Nuno, uma criança que por um problema na gestação ficou sem braço a partir do cotovelo, pediu-lhe ajuda. As próteses existentes no mercado são de tal forma dispendiosas que se tornam proibitivas para a maior parte das pessoas — e, para crianças, em crescimento, acresce o facto de uma prótese ter um período de vida curto. Ivan Owen começou a usar a impressão 3D para fazer as mãos e lembrou-se de uma ideia: e se fosse criado um código que permitisse a qualquer pessoa no mundo poder usá-lo depois? A Patient Innovation entra aqui, contactada pelo próprio artista. Em Julho do ano passado, juntaram-se e, com a impressora 3D da Universidade Católica, deram a Nuno, sete anos, uma mão prostética. Uma das grandes diferenças para as próteses do mercado? O preço. A de Nuno custou apenas 18 euros.

Da vergonha num concerto à mudança de vida

De cada vez que os músicos tocavam e as colunas vibravam, Louis Plante tossia. Se os músicos paravam, ele parava. Se retomavam, a tosse voltava. Na situação constrangedora num concerto, o canadiano apercebeu-se de algo que mudou a sua vida: eram as vibrações das colunas que provocavam a tosse e, com isso, ele conseguia libertar secreções. Louis sofre de fibrose cística, uma doença que leva o corpo a produzir muco mais espesso e pegajoso e entope os pulmões, podendo levar a infecções fatais. Engenheiro electrónico, Louis decidiu fazer ele mesmo o que não existia no mercado farmacêutico: um vibrador de frequências baixas que, ao provocar tosse e libertação de secreções, melhorou em muito a sua qualidade de vida . O The Frequencer criado pelo canadiano foi entretanto comercializado e é útil a milhares de pessoas.

Uma t-shirt para vítimas de cancro de mama

Lisa Crites não se conformava com o saco plástico geralmente utilizado para o lixo. Um cancro na mama obrigou-a a fazer uma mastectomia bilateral e a simples tarefa de tomar um banho transformou-se num problema. The Shower Shirt, uma peça de vestuário resistente à água, capaz de manter os drenos secos e com bolsos internos para suportar o peso das lâmpadas e tubos de drenagem, foi a resposta dela. A inovação da americana foi entretanto comercializada e já recebeu vários prémios. 

Uma mochila que não é só uma mochila

Medo. Anna tinha acabado de entrar para a escola mas lembra-se perfeitamente do que sentiu quando descobriu que tinha diabetes tipo I e ia, por isso, passar a precisar de acompanhamento permanente de uma parafernália de dispositivos. Com apenas nove anos lembrou-se, então, de uma solução. A mochila com os dispositivos podia ser adaptada às American Girl, bonecas típicas do seu país e que Anna adorava. O pacote D-girl é uma combinação de brincadeira e assunto sério — e para a menina, agora com dez anos, pode ser uma ajuda preciosa para quem, como ela, enfrenta esta doença.

Uma app para o pai comunicar com a filha autista

A formação na área informática dava-lhe as ferramentas necessárias. Carlos Pereira queria que a comunicação com a filha Clara, menina de seis anos com paralisia cerebral, fosse para lá do “sim” e “não”, mas as terapias que fazia não estavam a dar resposta. Foi então que lhe ocorreu ser ele mesmo a dar o primeiro passo: o Livox, disponível desde meados de 2015, foi a primeira aplicação pensada em português (do Brasil) para uma comunicação alternativa. Com ela, Clara interage como nunca tinha conseguido. Ouve uma pergunta no tablet e, através de desenhos, por exemplo, responde. A criação já valeu a distinção da ONU como a melhor app de inclusão do mundo.

 

 

 

 

 

 

 

 

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