Inglaterra à vista: Billy Bragg e The Unthanks em Sines

Primeiros nomes confirmados para o festival que, à semelhança dos últimos anos, repartir-se-á por Sines e Porto Covo, entre 22 e 30 de Julho.

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O precioso grupo das irmãs Rachel e Becky Unthank
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Billy Bragg, uma das figuras maiores da música folk inglesa
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The Comet Is Coming, um efervescente trio londrino que atira para a misturadora jazz, funk, electrónica e rock psicadélico

A 18ª edição do Festival Músicas do Mundo, em Sines, começa a desenhar-se em língua inglesa. O Ípsilon sabe que Billy Bragg, The Unthanks e The Comet Is Coming são os primeiros nomes confirmados para o festival que, à semelhança dos últimos anos, repartir-se-á por Sines e Porto Covo, entre 22 e 30 de Julho.

Billy Bragg é uma das figuras maiores da música folk inglesa, uma espécie de contrabandista punk das sonoridades tradicionais britânicas, um herói popular dos pubs, um feroz defensor da classe operária e sério candidato a vencer à primeira volta o título de músico mais politizado daquelas terras. A sua música, quer no activismo quer nas escolhas estilísticas, parece baloiçar em permanência entre duas das suas referências primordiais: de um lado o legado folk da voz e guitarra como arma de contestação via Woody Guthrie, do outro a energia punk como rastilho de revolta ouvido aos The Clash. Em declarações ao Ípsilon, Bragg antecipa que em Sines tocará “a solo, novas e velhas canções, e também alguns temas de Woody Guthrie, ajudado por CJ Hillman na pedal steel, no dobro e na irrequieta guitarra Rickenbacker”.

Com uma forte presença mediática justificada quer pelas suas obras musicais quer pelas suas posições públicas – de apoio do movimento Occupy ou na reivindicação junto de plataformas como o YouTube por remunerações mais justas para os músicos, só para nos valermos de exemplos recentes –, Bragg começou por fazer-se notar através do apoio do radialista John Peel. Terá inclusivamente deixado um biryani de cogumelos na recepção da Rádio 1 para convencer Peel a dar-lhes ouvidos, mas seria o álbum de estreia Life’s a Riot with Spy Vs Spy (1983) a conquistar o radialista. Tooth & Nail, o seu último álbum de estúdio, data de 2013, e continua a identificar como inimigos “políticos cobardes, empresas desumanas, racistas avulsos, bullies e reaccionários”.

O precioso grupo das irmãs Rachel e Becky Unthank vem tomando um muito curioso caminho dentro da folk inglesa, abordando a folk cada vez mais a partir da perspectiva de uma formação oriunda do jazz. Após as experiências desenvolvidas na série Diversions de abordagem dos reportórios de Robert Wyatt e Antony and the Johnsons, de colaboração com a Rastrick Brass Band e de recolha de canções britânicas sobre estaleiros navais, em 2015 as Unthanks lançaram o magnífico Mount the Air, ambicioso movimento de mergulho nos pântanos jazzísticos, acrescentando ainda à discografia a caixa comemorativa do seu décimo aniversário Memory Box.

Quanto aos The Comet Is Coming, trata-se de um efervescente trio londrino que atira para a misturadora jazz, funk, electrónica e rock psicadélico, gente próxima dos Melt Yourself Down e obcecada pela ficção científica, pelos super-heróis da Marvel e, naturalmente, por Sun Ra. Como bons lunáticos, respondem pelos pseudónimos King Shabaka, Danalogue the Conquerer e Betamax Killer.

Com a delegação inglesa já adiantada, seguir-se-ão novos anúncios de dispersão geográfica.

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