Vladimir Putin é corrupto, acusa o departamento do Tesouro dos EUA

Dirigente da Administração norte-americana aceitou falar aos jornalistas do programa Panorama da BBC, que investigou a origem da riqueza do Presidente da Rússia.

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Reuters

O Governo dos Estados Unidos já sabe “há muitos muitos anos” que o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, é corrupto, admitiu um dirigente da Administração ao programa Panorama da BBC, que investigou a origem da riqueza do líder russo.

Entrevistado pela estação britânica, o responsável do Departamento do Tesouro para o terrorismo e crimes financeiros, Adam Szubin, admitiu que os Estados Unidos têm seguido a trajectória financeira do líder russo, que ao longo dos anos tem vindo a acumular riqueza em segredo. “[Putin] supostamente recebe um salário anual de cerca de 110 mil dólares [101 mil euros]. Mas essa não é a verdadeira dimensão da sua riqueza, que ele há muitos anos aprendeu a mascarar”, acusou.

 “Vimo-lo usar os bens estatais para enriquecer os seus amigos e aliados mais próximos, e marginalizar aqueles que ele considera como detractores. Fá-lo através da riqueza energética da Rússia, e através de outros contratos estatais, que ele direcciona para aqueles que ele acredita que lhe serão úteis e exclui daqueles que se recusam servi-lo. Ora, para mim, essa é a imagem da corrupção”, afirmou Adam Szubin, o homem que supervisiona o regime de sanções dos Estados Unidos.

Em 2014, os Estados Unidos e a União Europeia decidiram aplicar uma série de sanções punitivas contra a Rússia, por causa da anexação da península da Crimeia e da alegada agressão militar de Moscovo no Norte da Ucrânia. As medidas, que inicialmente atingiam um número limitado de funcionários do Kremlin, foram depois alargadas para integrar outros indivíduos e organizações que os norte-americanos e os europeus reputaram de próximas de Putin.

Já nessa altura, os EUA alegaram que o Presidente russo tinha feito uma série de investimentos secretos no sector energético – uma alegação prontamente desmentida por Moscovo. Segundo documentos públicos, os bens declarados em nome de Vladimir Putin resumem-se a dois apartamentos e um lugar de garagem.

No entanto, o departamento do Tesouro associou Putin aos lucros obtidos pelo seu amigo e aliado político Gennadi Timchenko, um dos proprietários da petrolífera Gunvor, sedeada em Genebra. “As actividades de Timchenko no sector energético estão directamente ligadas a Putin, que tem investimentos na Gunvor e inclusivamente pode aceder a fundos da empresa”, que na altura controlava uma quota de 3% do mercado mundial de crude, notava o Tesouro norte-americano em Março de 2014.

Os investigadores do Panorama da BBC entrevistaram pessoas com “conhecimento em primeira mão” da riqueza secreta do Presidente da Rússia, entre as quais Dmitri Skarga, o antigo responsável pela armadora estatal Sovcomflot. Segundo o seu testemunho, Putin recebeu um iate de 57 metros, o Olympia, no valor de 35 milhões de dólares, alegadamente oferecido pelo magnata Roman Abramovich, dono do clube de futebol inglês Chelsea.

“É um facto que Abramovich transferiu um iate para Putin”, diz Skarga, acrescentando que a operação foi feita através de uma companhia registada num offshore. O antigo responsável da Sovcommflot garantiu que foi através da estatal (e do erário público) que foi feita toda a manutenção e pagos todos os custos do iate – tudo feito em segredo porque o iate pertencia a Putin e não ao estado.

A BBC disse que o Presidente da Rússia declinou ser entrevistado para o programa. O porta-voz do Kremlin disse que Putin também não ia comentar nenhuma das acusações levantadas pelo programa, que classificou como “pura ficção”.

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