Petróleo cai para menos de 30 dólares
Crude atinge novos mínimos com a perspectiva de levantamento das sanções ao Irão.
Pela segunda vez nesta semana, o barril de petróleo desceu para valores ligeiramente abaixo da fasquia simbólica dos 30 dólares por barril. A queda marcou um novo mínimo dos últimos 12 anos, ajudou a arrastar os mercados internacionais para o vermelho e ilustra o estado de um sector que há mais de ano e meio se debate com um excesso de oferta.
A cotação dos contratos de futuros do barril de Brent — o petróleo do Mar do Norte — esteve esta sexta-feira a cair 6% para 28,82 dólares. De forma semelhante, o West Texas Intermediate, extraído nos EUA, chegou a resvalar para os 29,13 dólares. Ao final da tarde continuavam abaixo dos 30 dólares.
A queda do petróleo, que se sente de forma acentuada desde meados de 2014, quando os preços superavam os 100 dólares por barril, resulta de uma combinação de níveis elevados de produção com uma desaceleração da procura, nomeadamente por parte da China, que é o segundo maior consumidor mundial e cuja economia tem vindo a abrandar. Nesta sexta-feira, o preço foi também pressionado pela perspectiva de levantamento de sanções económicas ao Irão, que se espera seja anunciado nos próximos dias e que permitirá ao país retomar as vendas de crude ao estrangeiro.
Há, no entanto, quem argumente que a queda acabará por ter um efeito de ressalto, quando as empresas em dificuldades se virem forçadas a reduzir a produção, levando a uma menor oferta e uma consequente subida dos preços. “O tema chave para 2016 serão os ajustamentos fundamentais que podem reequilibrar os mercados para criar o nascimento de um novo mercado em alta, o que ainda vamos ver acontecer no final de 2016”, considera uma nota de analistas do banco Goldman Sachs, citada pela agência Bloomberg. O banco manteve a previsão de um preço de 40 dólares por barril na primeira metade deste ano.
O excesso de oferta tem estado a pressionar a economia de vários países exportadores e alguns, como é o caso da Venezuela e de Angola, têm visto as economias a ressentirem-se e deparam-se com problemas de liquidez. As autoridades venezuelanas, que declararam nesta sexta-feira um "estado de emergência económica", tentaram mesmo, sem sucesso, que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo acordasse um limite de produção mais baixo, mas as pretensões do Governo de Nicolás Maduro estão a esbarrar na estratégia de outros países, entre os quais a Arábia Saudita, que preferem competir pelo preço para tentar ganhar quota e afastar concorrentes, nomeadamente americanos e russos.
A descida do petróleo contribuiu esta semana para a desvalorização das bolsas. Nesta sexta-feira, os principais mercados europeus fecharam com perdas. Em Portugal, o PSI 20 desceu 3,8%, acima das quedas de cerca de 3% registadas nas bolsas de Madrid, Paris e Frankfurt e dos quase 2% de Londres. Desde o início da semana, o índice pan-europeu STOXX Europe 600, que agrega 600 empresas de vários países, caiu 3,6%.