Violência doméstica nas prioridades de Maria José Morgado
Magistrada emociona-se no discurso que marca a sua saída do Departamento de Investigação e Acção Penal para a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa
O combate à violência doméstica é uma das prioridades de Maria José Morgado no seu novo cargo de procuradora-geral distrital de Lisboa. Esta quinta-feira, num discurso de tomada de posse marcado por alguma emoção, a magistrada que estava desde 2007 à frente do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa e vê agora as suas responsabilidades substancialmente ampliadas estabeleceu as suas metas: “Consolidar o trabalho em rede nos fenómenos do crime económico-financeiro, no crime violento, na violência doméstica”. A voz tremeu-lhe por várias vezes, ao recordar estes oito anos de “luta directa e empolgante contra o crime”, mas nem isso a fez escamotear as dificuldades que enfrentou. “Perdemos funcionários, recursos, meios – nunca perdemos a vontade de lutar”. Minutos depois havia de regressar ao assunto, ao mencionar a "anómala escassez de recursos e de equipamento" a que está votada a investigação criminal.
A sua subida a procuradora-geral distrital de Lisboa implica passar a ter sob a sua alçada os magistrados responsáveis pelas investigações não apenas em Lisboa mas em cinco comarcas judiciais - Grande Lisboa, Madeira e Açores. Até se ter tornado ministra da Justiça, era Francisca Van Dunem quem estava à frente desta Procuradoria-Geral Distrital.
Maria José Morgado está, de resto, a habituar-se a seguir as pisadas da colega: já antes havia substituído na liderança do DIAP de Lisboa.“Não abandonei o DIAP esta manhã, ao desligar o computador”, disse, emocionada. “Vou ter saudades, como sempre acontece quando deixamos uma parte de nós nas organizações. É impossível esquecer a experiência do DIAP de Lisboa”. Com 64 anos de idade, a magistrada notabilizou-se no combate à criminalidade económico-financeira.
Segundo o Expresso, será uma magistrada discreta, Lucília Morgadinho Gago, a substituir Maria José Morgado no DIAP de Lisboa. Especializada em direito da família e docente do Centro de Estudos Judiciários, tal como a sua antecessora também militou no MRPP no passado. O seu nome terá ainda de ser submetido pela procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, ao Conselho Superior do Ministério Público.