Estúdio parisiense de Giacometti vai ser recriado
Planos para assinalar os 50 anos da morte do escultor suíço incluem ainda uma rara exposição-venda em Londres. A Tate Modern prevê uma retrospectiva para 2017.
Morreu na Suíça, onde nascera, há 50 anos, mas passou a maior parte da vida em Paris, no n.º 46 da Rua Hippolyte Maindron, onde tinha o seu estúdio, um lugar que descobriu aos 25 anos e que se manteve o centro do seu universo, território imprescindível para o artista e para a sua mulher, Annette, até ao fim. Território lendário para todos os que o admiram desde então. Alberto Giacometti (1901-1966), o suíço que é um mais celebrados escultores de sempre, era um homem de hábitos, reservado e modesto, diz quem o conheceu. Era neste estúdio com mezzanine, que depois foi ampliando, que se sentia bem. No meio de um caos de esculturas, moldes, pincéis, pinturas, desenhos, tintas e ferramentas.
O estúdio original já não existe mas, no fim do ano, vai ser recriado pela fundação consagrada à gestão do legado do escultor. O novo espaço, segundo o diário norte-americano The New York Times, funcionará como uma extensão desta instituição que conserva o maior número de obras do artista – milhares de desenhos e fotografias, mais de 250 esculturas e 90 pinturas -, agora dirigida por Catherine Grenier. Para esta conservadora vinda do Centro Georges Pompidou que chegou há quase dois anos a esta fundação criada em 2003, a prioridade é abri-la ao público. Para isso, e para além da inauguração do estúdio de Giacometti, que deverá ser recriado no mesmo bairro onde o escultor suíço trabalhou, Grenier quer ver o trabalho do artista cada vez mais exposto por todo o mundo e aposta na edição do seu primeiro catalogue raisonné.
As iniciativas que assinalam o 50.º aniversário da morte do artista passam ainda por uma exposição-venda na galeria londrina Luxembourg & Dylan (2 de Fevereiro a 9 de Abril), que incluiu 19 esculturas criadas entre 1925 e 1934, um período relativamente menos conhecido de Giacometti. Explica a publicação especializada The Art Newspaper que o ponto de partida desta pequena mostra é uma carta de 1947 que o artista escreve a Pierre Matisse, um amigo que era também o seu marchand em Nova Iorque, em que o escultor revela dúvidas em relação ao seu trabalho. É nesta fase entre meados dos anos 1920 e meados da década seguinte que Giacometti começa a interessar-se pelo cubismo e pelo surrealismo, escreve Anny Shaw no Art Newspaper, “lançando as sementes para as figuras esculturais alongadas que o tornaram tão famoso”.
Foi precisamente uma dessas figuras em bronze, L'homme au doigt (1947-51), vendida pela Christie’s em Nova Iorque em Maio do ano passado, que se tornou a mais valiosa escultura alguma vez leiloada e a terceira obra de arte mais cara de sempre no mercado leiloeiro. A peça com 1,77m foi arrematada por 112 milhões de euros.
A prestigiada Tate Modern, também em Londres, tem prevista para 2017 uma grande retrospectiva da obra do escultor suíço.