Estado Islâmico executa cinco "espiões" e mostra criança com sotaque britânico
Imagens mostram a execução de cinco homens, mortos a tiros sob a acusação de serem espiões pagos pelo Reino Unido. "É ali que vamos matar os infiéis", diz uma criança com sotaque britânico.
Um novo vídeo cuja autoria é atribuída aos extremistas do grupo Estado Islâmico mostra o que parece ser a execução de cinco homens acusados de espionagem a favor do Reino Unido. O protagonista é um homem que aponta uma arma em direcção à câmara, vestido com um camuflado e de cara tapada, e que fala com sotaque britânico, no que parece ser uma tentativa dos jihadistas de fazerem renascer a figura de "Jihadi John".
Para além do homem de cara tapada, o vídeo mostra uma criança, também com sotaque britânico, a apontar para um local à sua volta e a dizer: "É ali que vamos matar os infiéis."
A veracidade do vídeo ainda não foi confirmada oficialmente por responsáveis militares ou políticos do Reino Unido ou dos EUA, mas a forma como foi filmado e editado condiz com outros vídeos divulgados no passado pelos jihadistas, como os que mostraram as decapitações dos jornalistas norte-americanos James Foley e Steven Sotloff, em 2014 – no vídeo divulgado este domingo, os cinco homens acusados de serem pagos pelo Reino Unido para espiarem actividades do Estado Islâmico, todos árabes, são mortos a tiro.
Os jornalistas James Foley e Steven Sotloff foram executados por Mohammed Emwazi, um cidadão britânico nascido no Kuwait que os serviços secretos norte-americanos e britânicos dizem ser o homem que ficou conhecido como "Jihadi John". Os EUA anunciaram no dia 12 de Novembro que este jihadista terá sido morto num ataque com um drone em Raqqa, a cidade que o Estado Islâmico reclama como sua capital na Síria.
Tal como "Jihadi John", o homem que protagoniza o vídeo divulgado este domingo tem sotaque britânico e surge com a cara tapada com uma balaclava negra, mostrando apenas os olhos.
Antes de se aproximar de um dos reféns e de o abater a tiro, o homem refere-se ao Reino Unido como "uma pequena ilha" e diz que o Governo de David Cameron é "escravo da Casa Branca”.
"Somente um imbecil se atreve a enfurecer um povo que ama a morte tanto como tu amas a vida", diz o homem, apontando uma pistola em direcção à câmara e falando directamente para o primeiro-ministro britânico, David Cameron. "Governo britânico, povo britânico, saibam que a vossa vida está debaixo dos nossos pés, e que o Estado Islâmico, o nosso país, veio para ficar."
O investigador Charlie Winter, da Universidade da Georgia, em Atlanta, desvaloriza o vídeo enquanto possível sinal de que os extremistas do grupo Estado Islâmico (ISIS, numa das siglas em inglês) se preparam para cometer um novo atentado em larga escala na Europa.
"Entre outras coisas, o ISIS está a tentar tomar outra vez a iniciativa, depois de ter sofrido um grande golpe com a perda de Ramadi", no Iraque, disse o especialista ao jornal britânico The Guardian.
"Não dar um nome ao carrasco vai provocar um frenesim inevitável nos media, que vão tentar descobrir a sua identidade, e dessa forma assegurar uma proeminência renovada do ISIS nas notícias", considera Charlie Winter. O facto de neste vídeo em particular surgir uma criança, aparentemente britânica, faz também parte da propaganda, diz o investigador: "Infelizmente não há nada de estranho nisso. O ISIS usa regularmente crianças para executar alegados espiões."
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