Morreu George Clayton Johnson, o escritor que estreou Star Trek
Fez o seu nome na ficção científica, assinando o primeiro episódio de Star Trek ou o romance Logan's Run, mas foi também o criador da história que originou o filme Ocean's 11.
Os longos cabelos e barbas brancas e os chapéus de palha de aba larga davam-lhe a aparência de habitante de um mundo de fantasia. E foi através da fantasia, das visões de futuro da ficção científica, que deixou a sua marca, ao assinar o guião do primeiro episódio de Star Trek e ao escrever o romance Logan’s Run, adaptado em 1976 ao cinema e nomeado para dois Óscares. O seu nome: George Clayton Johnson. Morreu de cancro esta quinta-feira em San Fernando Valley, Califórnia. A notícia foi dada pelo filho, Paul B. Johnson, à AP. Tinha 86 anos.
Nascido a 10 de Julho de 1929 em Cheyenne, no estado americano do Wyoming, George Clayton Johnson foi desde cedo um espírito livre. Abandonou a escola precocemente para trabalhar como telegrafista no exército americano. Inscreveu-se depois no Instituto Politécnico do Alabama, mas também ali não se demorou muito. Interessava-lhe mais a viagem. Assim o fez, percorrendo os Estados Unidos e trabalhando como desenhador. Algures no processo as ilustrações cederam às palavras.
Em 1959 encontramos o seu nome na ficha técnica de I’ll take care of you, episódio de Alfred Hitchcock Apresenta para o qual escreveu o argumento. No ano seguinte, quando o seu trabalho já podia ser lido em revistas como a Playboy ou a The Twilight Zone Magazine, edita a história que originaria Ocean’s 11, filme ícone do Rat Pack de Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr., Peter Lawford e Joey Bishop – e que seria alvo de nova versão em 2001 com Brad Pitt, George Clooney, Matt Damon ou Julia Roberts. A ficção científica seria, porém, o seu habitat criativo mais frequente.
Os fãs de Star Trek não o esquecerão – coube-lhe a honra de inaugurar a série televisiva em 1966, com o episódio The Man Trap. Os devotos de A 5ª Dimensão terão reparado no seu nome, enquanto argumentista, no genérico de sete episódios da série de culto. Os leitores de Ray Bradbury talvez saibam que o mestre da ficção-científica se juntou a ele na criação de Icarus Montgolfier Wright, uma curta de animação nomeada para os Óscares em 1962. E, claro, os entusiastas da ficção científica, em livro ou no cinema, conhecerão a história da cidade onde todos os prazeres terrenos eram vividos intensamente, mas de forma breve – a gestão dos recursos naquela terra pós-apocalíptica impunham a liquidação dos cidadãos aos 30 anos. George Clayton Johnson escreveu Logan’s Run em 1967 e, nove anos depois, o romance transformou-se em Fuga do Século XXIII, filme realizado por Michael Anderson e protagonizado por Michael York e Farrah Fawcett que, em 1977, originaria também uma curta série televisiva.
No início dos anos 1990, juntou as histórias escritas para A 5ª Dimensão (as aproveitadas para rodagem e as guardadas sem utilização) e, com ilustrações de Jay Allen Sanford, publicou a série de banda desenhada Deepest Dimension Terror Anthology.
Sobre o pai vegetariano, activista pela legalização da cannabis, convidado especial de várias feiras e encontros dedicados à banda desenhada e à ficção científica, disse o filho Paul B. Johnson à AP: “Realcem por favor o quanto ele gostava dos seus fãs. A julgar pela reacção esmagadora que tenho recebido de centenas de pessoas, famosas e desconhecidas, [à notícia da sua morte], ele teve um grande impacto nelas”.