Edgar Silva acusa António Costa de continuar “política do antigamente”

Candidato apoiado pelo PCP criticou duramente a opção do Governo socialista para resolver o caso do Banif com as mesmas receitas do PSD/CDS e da troika.

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Daniel Rocha

O candidato a Presidente da República Edgar Silva acusou o primeiro-ministro António Costa de continuar a "política do antigamente" e de pôr de novo o povo a pagar por "actos tresloucados" dos grandes capitalistas.

Questionado pelos jornalistas à entrada de um convívio com apoiantes na Escola Secundária de São Pedro da Cova (Porto) sobre a mensagem de Natal de António Costa, que se mostrou confiante num tempo novo e de prosperidade, o candidato apoiado pelo PCP afirmou que as medidas agora assumidas pelo Governo "não são de um tempo novo, são da velha política, são da política do antigamente e o que menos Portugal agora precisa é das políticas do antigamente, do anterior a 4 de Outubro".

Edgar Silva referia-se à decisão de resolução do Banif, que obrigou o Governo a apresentar um orçamento rectificativo para acomodar os cerca de 2,2 mil milhões de euros públicos injectados no banco. O PCP, o PEV, o Bloco de Esquerda, o CDS e o PAN votaram contra o rectificativo, que foi viabilizado com a abstenção do PSD.

"Precisamos de medidas novas, que sejam de justiça social, que reponham direitos, que permitam reconquistar a dignidade, a esperança e a confiança. Portugal do que menos precisa é de medidas à maneira do que o PSD e o CDS vinham a impor, à maneira das receitas da troika nacional e estrangeira", acrescentou o candidato comunista à Presidência da República.

"O que nós vimos na decisão do Governo liderado por António Costa não trouxe nada de novo; bem pelo contrário, trouxe tudo o que de velho e pior tinha o antigo tempo", criticou Edgar Silva, revelando-se "apreensivo" com o Governo da "responsabilidade do PS " que aprovou essas medidas. Para Edgar Silva a solução do Governo para a questão do Banif "nada tem a ver com um tempo novo", porque quem continua a pagar é "povo e os trabalhadores".

"Aqueles que já foram massacrados e asfixiados, aqueles para quem a vida já tanto azedou, é sobre esses (...) que vai recair mais este encargo de pagar as loucuras que os grandes capitalistas andaram a fazer em Portugal, para que seja de novo o Estado português a pagar por esses actos tresloucados de irresponsabilidade, da ganância atrás da ganância e da sede do lucro a qualquer custo. Quando foi para ganhar ninguém chamou o povo", disse no seu discurso em São Pedro da Cova.

O candidato do PCP pediu ao Governo de António Costa "respostas concretas, mais audazes, mais exigentes, muito mais avançadas para responder aos problemas concretos". "Nós queríamos que os direitos, a dignidade, os rendimentos e os salários que têm sido roubados ao povo e aos trabalhadores fossem plenamente repostos (…) [mas] têm sido sucessivamente usurpados."

O candidato apoiado pelo PCP revelou "muita preocupação" caso este "tempo novo [de que falou Costa na mensagem de Natal] não seja sobretudo de medidas concretas para responder aos grandes problemas", especialmente na área da saúde. "Vemos homens e mulheres que morrem nas urgências porque não têm resposta médica. O que é preciso são respostas na área da saúde para responder a um Serviço Nacional de Saúde (SNS) que está a ser insuficiente", disse, acrescentando que "os Governos até agora têm cortado nas soluções sociais, têm desresponsabilizado o Estado das suas obrigações na defesa do SNS".