“Salvem o meu filho” apela o pai de condenado à morte na Arábia Saudita

Abdulah foi detido aos 15 anos e pode ser executado a qualquer momento.

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Desde que o rei Salman da Arábia Saudita chegou ao poder em Janeiro, o número de execuções aumentou significativamente no reino FAYEZ NURELDINE/AFP

A família de um adolescente condenado à morte na Arábia Saudita veio pela primeira vez a público apelar pela sua vida. Abdulah al-Zaher, agora com 19 anos, foi detido e condenado à morte por decapitação em 2012 depois de ter participado numa manifestação pública.

“Por favor ajudem-me a salvar o meu filho da morte eminente. Ele não merece morrer só porque participou numa manifestação”, afirmou o pai de Abdulah, Hassan al-Zaher, ao The Guardian.

Condenado em Outubro do ano passado pelo tribunal criminal de Riade, Zaher foi acusado de defender outros manifestantes, de pegar fogo a um carro e lançar cockatils molotov durante uma manifestação em Março de 2012, na Província Oriental do reino. A sua família, bem como a organização de defesa dos direitos humanos Reprieve, acusam as autoridades sauditas de terem torturado o jovem para forçarem a sua confissão.

“Ele foi obrigado a assinar um documento elaborado pela polícia, que foi impedido de ler sob ameaça de agressão. Ele disse-me que não atirou cocktails molotov nem algo semelhante”, revela o pai, adiantando que depois de ser detido, Zaher foi agredido com barras de ferro e foi alvo de tortura na prisão.

A Reprieve adianta que Zaher, detido ainda com 15 anos, é o mais jovem prisioneiro conhecido com sentença de morte no reino. De acordo com a organização, o jovem, que estará subnutrido e com o nariz desfigurado, foi transferido para a prisão de Asir, a cerca de mil quilómetros de casa, onde está preso em solitária.  

O pai de Zaher viu o filho pela última vez há três meses, numa visita de dez minutos. “A sua condição de saúde não é boa, ele está muito magro”. Hassan al-Zaher admitiu ao Guardian que o apelo da família surge agora porque, como crentes da minoria religiosa xiita num país maioritariamente sunita, “não tinham outra opção”.

Outros dois jovens que foram detidos quando ainda eram menores, Dawood al-Marhoon e Ali Mohammed al Nimr, sobrinho de um clérigo xiita, foram condenados à morte por alegadamente agirem contra o governo, ao participarem em protestos públicos no contexto da primavera árabe.

A mãe de Nimr, Nusra al-Ahmed, veio a público em Outubro pedir a intervenção do Presidente dos EUA, Barack Obama, no caso. Nimr tinha 17 anos quando foi condenado à decapitação e crucificação por participar nos protestos em Qatif, onde os jovens xiitas reivindicavam igualdade de direitos religiosos.

“Nenhuma pessoa normal, não tendenciosa, acharia isto aceitável. Por isso é que são sempre pessoas tendenciosas que ficam felizes com estas decisões, porque ele é xiita”, afirmou Nusra na primeira entrevista aos media estrangeiros.

Os jovens juntam-se a um grupo de mais de cinquenta condenados que esperam pela execução por atentarem contra o regime e depois de terem sido julgados por “actos terroristas”. De acordo com a Amnistia Internacional, desde que em Janeiro o rei Salman da Arábia Saudita assumiu o trono ,o reino já executou mais de 150 prisioneiros este ano,  o maior registo das últimas duas décadas. 

 

Texto revisto por Joana Amado

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