Edgar Silva diz que "tudo está por construir" e recusa vencedores antecipados
Candidato presidencial apoiado pelo PCP reuniu-se com sindicatos e representantes das forças de segurança.
O candidato presidencial Edgar Silva considera que "tudo está por construir", e esta segunda-feira recusou que em democracia haja "vencedores antecipados", afirmando que o seu objectivo "é ganhar as eleições".
"Em democracia nada está pré-definido quanto aos resultados eleitorais. No fascismo, antes do 25 de Abril, em que nem todos podiam exercer o voto - as mulheres não podiam exercer o voto - é que antes de haver eleição já se sabia quem havia de ganhar. No tempo do fascismo é que as eleições eram um simulacro, uma fantochada. O voto é do povo, de cada homem e cada mulher", afirmou Edgar Silva.
Falando aos jornalistas no início de um encontro com sindicatos e estruturas representativas das forças de segurança, num hotel em Lisboa, o candidato apoiado pelo PCP comentava, assim, as declarações do candidato Marcelo Rebelo de Sousa ao semanário Expresso, que disse: "Daqui a semanas sou Presidente da República."
Interrogado sobre a situação no Banif e a eventual intervenção do Estado na venda do banco, Edgar Silva afirmou que ainda "há muitos rumores e há indicadores que carecem de posterior fundamento e atenção aos seus desenvolvimentos, mas desde já confirma-se que no sistema financeiro - e particularmente na área bancária - existem fragilidades profundas e uma desregulação, pela aposta na especulação pela especulação".
Sobre as presidenciais, Edgar Silva não quis corroborar a acusação de arrogância do candidato Sampaio da Nóvoa a Marcelo Rebelo de Sousa, preferindo insistir sempre na ideia de que não há vencedores antecipados. "Tudo está por construir, tudo está por conquistar quanto aos actos eleitorais. Não existem vencedores antecipados. Antes das eleições legislativas um conjunto de indicadores - sondagens, fazedores de opinião - apontava para uma vitória dos partidos da direita. O PSD e o CDS, ao contrário de todos esses rumores e indicações, tiveram uma severa derrota e foram derrubados do poder", afirmou Edgar Silva.
O candidato à Presidência da República disse que o seu objectivo "é ganhar as eleições". Questionado se não foi também um objectivo expresso pela sua candidatura evitar uma vitória de Marcelo Rebelo de Sousa à primeira volta, Edgar Silva respondeu: "Se não ganhar as eleições à primeira volta, se houver uma segunda volta, tudo farei para que possa ser eu o candidato identificado com os valores de Abril, neste momento de importante viragem da história política em Portugal, a poder confrontar o candidato da direita, apoiado pelo PSD e pelo CDS."
Edgar Silva disse ainda que o objectivo da audição de hoje com representantes de todas as forças de segurança é o de "recolher elementos para identificação de problemas mas sobretudo assumir a defesa de forças de segurança ao serviço da democracia".
"O Estado português nem sempre tem assumido os seus deveres de resposta de proximidade às populações - políticas de desinvestimento público e até de um certo terrorismo social, na forma como o Estado tem abandonado as populações ", sustentou. "Sem que se pretenda uma qualquer cultura securitária, o Estado tem deveres de garantia de condições de segurança, de resposta às profundas solicitações das populações", acrescentou.