Na fundição que fabricou armas para a guerra colonial agora faz-se arte
A ex-fundição de Oeiras acolhe o Open Studio – Arquitectura da Paz, um espaço onde vários artistas podem mostrar o seu trabalho.
Tomás Viana é um dos oito artistas que passarão a ter o seu atelier instalado na antiga fundição de Oeiras; é marceneiro, desenha e constrói móveis. E é precisamente isso que fará no espaço cedido pela Câmara de Oeiras a Francisco Vidal – para que o artista, de descendência angolana e cabo-verdiana, pudesse desenvolver o seu trabalho para a bienal de Veneza, uma exposição de arte internacional. “É, basicamente, o nosso espaço de trabalho onde poderemos mostrar o trabalho que fazemos”, explica Tomás. Depois de uma inauguração privada neste sábado, o espaço que acolhe o projecto Arquitectura da Paz estará aberto ao público a partir deste domingo, 13, das 11h às 18h.
“Pretendemos dinamizar um armazém devoluto que tem um potencial enorme”, explica ao PÚBLICO Tomás Viana, dizendo que este é um local “de arte contemporânea, em que cada um pode ter a sua arte”.
Inicialmente, a fábrica produzia vários produtos em metal mas, a partir da década de 1960, a fundição começou a produzir materiais bélicos, nomeadamente invólucros para bombas de napalm. “Depois de se construir um edifício grande onde se fabricavam balas, damos dois passos atrás e estudamos a arquitectura da paz”, refere o pintor Francisco Vidal.
Num documento sobre o projecto cedido ao PÚBLICO pelos artistas, é explicado que se pretendeu inverter o princípio da guerra “numa união artística onde se confere um novo sentimento ao espaço, o sentimento da paz através da multipluralidade da arte”.
A antiga fábrica está localizada na Rua da Fundição, em Oeiras, e fica junto à estação de comboios. Para além de Tomás e de Francisco, o atelier contará com as obras de Micael Costa (cenógrafo), Nuno Simão (artista plástico), Claire Santa Coloma (escultora), Margarida Alfacinha (pintora) e Leonor Pêgo e João Negrão (escultores).
Texto editado por Hugo Daniel Sousa