Vaticano diz aos católicos para não tentarem converter judeus

Comissão teológica decretou que os judeus também podem receber a salvação eterna.

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O Vaticano deu mais um sinal de reconciliação FILIPPO MONTEFORTE/AFP

Os católicos não devem tentar converter judeus e devem trabalhar com eles para combater o anti-semitismo, declarou o Vaticano num documento divulgado esta quinta-feira. Uma comissão teológica decretou agora que os judeus podem obter a salvação eterna sem se tornarem cristãos.

Cinquenta anos depois da declaração Nostra Aetate, que pôs fim a séculos de desprezo e abriu o diálogo da Igreja com os judeus, esta comissão foi assim um pouco mais longe do que Bento XVI, que se pronunciou num livro em 2011 contra todos os esforços para converter os judeus.

Agora com o reformador Francisco ao leme da Igreja, o texto da comissão diz que “embora os judeus não possam acreditar em Jesus Cristo como redentor universal, eles têm um lugar na salvação”.

A Igreja considera que a salvação só pode ser alcançada pela fé em Jesus, filho de Deus, morto e ressuscitado, e que os cristãos são chamados a espalhar essa fé no mundo inteiro. Mas os católicos devem agora compreender esse apelo “de uma maneira diferente” em relação aos judeus e reconhecer com “humildade e sensibilidade, que os judeus são portadores da palavra de Deus” e ter sempre presente “a grande tragédia da Shoah”.

A referência ao Holocausto, no documento da comissão teológica, é uma alusão à responsabilidade dos ensinamentos da Igreja no desenvolvimento do anti-semitismo na Europa.

“Isto significa, concretamente, que a Igreja Católica deve deixar de levar a cabo e encorajar missões institucionais direccionadas especificamente para os judeus”, insiste a Comissão para as Relações Religiosas com os Judeus.

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