Há 800 dúvidas por resolver na cimeira do clima em Paris
Ministros têm pouco tempo para resolver divergências sobre novo acordo climático.
Os ministros reunidos na cimeira do clima em Paris têm pouco mais de um dia para retirar cerca de 800 parêntesis rectos – que representam divergências – do texto do novo acordo para conter o aquecimento global.
As negociações prosseguem esta terça-feira e, de acordo com calendário, a presidência francesa da cimeira quer ter o texto pronto na quarta-feira, para ser traduzido e submetido à discussão final e votação nos dois dias seguintes.
O plano original é ambicioso, dada a experiência destas reuniões anuais das Nações Unidas sobre o clima. Normalmente não cumprem o calendário e os pontos mais importantes só são decididos à última hora, provavelmente depois de uma noitada de negociações, ultrapassando o término previsto.
O acordo de Paris, se for aprovado, entrará em vigor em 2020. Será um passo internacional colectivo para tentar conter a subida do termómetro global a níveis suportáveis para a humanidade. O limite até agora acordado é 2oC até ao final do século, mas os países mais vulneráveis querem que no acordo seja referida, de alguma forma, uma meta de 1,5oC. A questão está ainda em aberto.
A versão preliminar do acordo que está em discussão tem 48 páginas e está repleta de excertos de texto entre parêntesis rectos, que significam posições não consensuais sugeridas por países ou grupos de países.
As negociações foram divididas na segunda-feira em vários grupos, para os temas centrais onde há mais divergências. Inicialmente eram quatro: apoios financeiros, capacitação e transferência de tecnologia; diferenciação entre países ricos e pobres; metas de longo prazo e revisão dos compromissos dos países; e o que fazer antes de 2020.
Mas outros grupos acabaram por ser criados, em particular um para a adaptação e a questão das “perdas e danos”, um tema que os países mais vulneráveis querem ver na agenda.
Ao longo desta terça-feira são esperadas reuniões à porta fechada entre estes diversos grupos e a discussão dos seus resultados em plenários com todos os países, naquilo a que ficou designado como Comité de Paris.