Câmara da Vidigueira continua a pagar renda do armazém de onde expulsou ciganos em 2014

Em quase ano e meio o município já terá despendido uma verba próxima dos 70 mil euros por um prédio que não utiliza.

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Câmara demoliu interior do edifício onde viviam duas famílias em 2014 António Carrapato

A Câmara da Vidigueira continua a suportar uma renda mensal de 4 mil euros pela habitação onde estiveram alojadas, até 14 de Junho de 2014, as famílias ciganas Azul e Cabeça, acusa o PS local, frisando que “a autarquia já pagou 68 mil euros à empresa Centro de Estudos e Formação Aquiles Estaço, Lda (CEFAE) “sem que tenha existido qualquer utilização das instalações”.

Desde aquela data, o edifício designado “Parque Estágio”, continua sem utilização apesar de estar “destinado a um espaço de recolha do espólio do Museu Municipal de Vidigueira”, refere o comunicado socialista.  

Recorde-se que a comunidade cigana tinha abandonado temporariamente o espaço depois de uma troca de tiros que culminou no conflito entre as duas famílias. Na sequência deste acto de violência, a Câmara da Vidigueira ordenou a destruição do interior do edifício onde viviam as duas famílias compostas por 68 pessoas, entre as quais 35 crianças.

A autarquia reagiu ao comunicado socialista com outro comunicado a explicar que o executivo municipal da Vidigueira tinha “deliberado a aquisição do prédio rústico com o CEFAE”, acordando o pagamento de uma renda mensal “até à efectivação da escritura de compra e venda”. No entanto não é avançado qualquer prazo para a assinatura da respectiva escritura.

O PÚBLICO solicitou um esclarecimento a Estevão Pereira, da direcção do CEFAE sobre a explicação dada pela Câmara da Vidigueira em relação ao que estaria acordado. Este dirigente associativo confirmou que “há mais de um ano” fizeram uma proposta de venda do terreno e do edifício à autarquia. Esta apresentou uma contra-proposta, assumindo a vontade de aquisição. Enquanto não fosse celebrada a escritura “seria paga uma renda mensal pelo espaço.”

Estevão Pereira diz desconhecer as razões porque ainda não foi feita a escritura, mas admite “que a falta de disponibilidade financeira da autarquia” esteja a protelar a compra do prédio rústico. Este responsável diz que o CEFAE está em condições de “em qualquer altura poder assinar a escritura.”

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