PCP avisa Cavaco para não exigir mais condições a um Governo PS

Em tom de ameaça, Jerónimo de Sousa alerta para a resposta do povo se o Presidente "subverter a Constituição".

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Jerónimo de Sousa quer que PS se decida "se quer ser da situação ou ser da oposição" Carlos Lopes/arquivo

O secretário-geral do PCP Jerónimo de Sousa critica Cavaco Silva por adiar a “única saída” que é a nomeação de um governo liderado pelo PS e avisa desde já que “não há razões” para exigir garantias que não pediu à coligação PSD/CDS. Mais: o dirigente deixa velada uma ameaça ao dizer que se o Presidente da República vier a “subverter a Constituição” terá a “resposta democrática dos trabalhadores e do povo”.

Numa declaração aos jornalistas no Parlamento, o líder dos comunistas defende que o Presidente da República não tem razões para manter “por mais tempo o Governo PSD/CDS em gestão” e lamenta que “deliberadamente arraste uma situação que é um factor de desestabilização”. “Não há nenhuma razão para que o Presidente da República, perante a inequívoca e pública afirmação dos quatro partidos que dispõem de uma maioria de deputados na Assembleia da República [PS, BE, PCP e PEV], venha exigir condições e garantias que manifestamente não só exigiu como sabia não existirem para impor a indigitação de Passos Coelho”, disse, numa declaração em que não esteve disponível para responder às perguntas dos jornalistas.

Jerónimo de Sousa acusa o Presidente de adiar “deliberadamente a única saída constitucional a que está obrigado, ou seja, dar posse à solução governativa que comprovadamente reúne todas as condições para se concretizar”. Em toda a declaração o líder do PCP nunca se refere directamente ao PS ou a um Governo liderado pelos socialistas, preferindo aludir à maioria de deputados na Assembleia da República. Criticando o adiamento das audições aos partidos – que foram marcadas na manhã desta quarta-feira – Jerónimo de Sousa acusou Cavaco Silva de optar por “uma vez mais intervir em auxílio do partido a que pertence mesmo que para isso afronte a Constituição, outros órgãos de soberania e o regime democrático.”

A declaração termina em tom de ameaça. “Quaisquer tentativas de Cavaco Silva para procurar subverter a Constituição da República terão resposta democrática, dos trabalhadores e do povo que lhes corresponda”, diz, terminando com a exigência de que se cumpra a “vontade popular”, a “vontade da maioria dos deputados da Assembleia da República” e a “Constituição da República Portuguesa”

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