Refugiados fazem greve de fome em centro de detenção na República Checa

Migrantes que não pedem asilo no país são retidos durante meses em centros vigiados. Governo rejeita ilegalidade das detenções.

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Refugiados no centro de detenção de Bilá-Jezová, a norte de Praga, de onde foram transferidas 140 pessoas David W Cerny/Reuters

Dezenas de refugiados estão em greve de fome num centro em Dahroince, na República Checa, contra o longo período de detenção a que são submetidos. A falta de condições nestes centros e o receio da deportação intensificaram protestos de activistas dos direitos humanos, depois de a República Checa se manifestar contra o sistema de quotas da União Europeia.
 
Cerca de 140 refugiados foram transportados do centro de Bilá-Jezová, classificado por Anna Šabatová, observadora dos direitos humanos no país, como “pior do que uma prisão”, para novas instalações em Dahronice, a 90km de Praga. Nesta terça-feira, alguns dos detidos transferidos deram início a uma greve de fome. “De manhã, 44 pessoas começaram a greve e à tarde já eram mais de 60”, declarou Petra Damms, voluntária no local, à agência de notícias Reuters.
 
Damms avançou que durante a madrugada de terça-feira para quarta-feira, 40 pessoas foram levadas do centro, o que reforçou os rumores de deportação. Gabriela Bankova, porta-voz do Ministério do Interior, declarou que estes refugiados foram enviados para países da UE onde tinham pedido asilo. “Alguns estrangeiros ficaram com a ideia errada de que foram expatriados para os países de origem”, afirmou.
 
Ponto de passagem para a Alemanha, a República Checa integra a rota das Balcãs dos refugiados que escapam da guerra. Como muitos não pedem asilo checo, são detidos pelas autoridades ou forçados a voltar aos países por onde entraram. Nos últimos meses, foram cerca de sete mil os que ficaram retidos no país.
 
O alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, referiu-se num comunicado a estas detenções como “parte integral de uma política do Governo checo concebida para travar a entrada de migrantes e refugiados no país, ou para que permaneçam lá”.
 
O Governo de Praga rejeita a ilegalidade das detenções. “Não estamos a violar intencionalmente direitos dos migrantes”, referiu o mês passado o ministro do Interior, Milan Chovanec.
 
Para além da República Checa, todo o Grupo Visegrado – Hungria, Polónia, República Checa e Eslováquia – se declarou em Setembro contra as quotas propostas pela União Europeia para o acolhimento dos refugiados.
 
“O Tratado de Lisboa não inclui uma palavra sobre quotas de refugiados, apenas refere apoio comunitário a países da UE com grande fluxo de migrantes”, afirmou o Presidente checo, Milos Zeman, numa entrevista ao blesk.tv.

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