Rússia suspende ligações aéreas com o Egipto

Medida considerada necessária até serem apuradas causas da queda do avião da Metrojet no Sinai.

Foto
Turistas russos nesta sexta-feira no aeroporto de Sharm el-Sheik Mohammed El-Shahed/AFP

Vladimir Putin ordenou a suspensão das ligações aéreas entre a Rússia e o Egipto, depois de os serviços de segurança terem considerado que tal medida era aconselhável até que sejam apuradas as causas da queda do avião da Metrojet, no sábado, na península do Sinai. A decisão do Presidente russo, que falou na quinta-feira ao telefone com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, indicia que Moscovo suspeita igualmente de que o Airbus A320 poderá ter sido alvo de um atentado.

Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, adiantou ainda que Putin deu instruções ao Governo para que defina um mecanismo para retirar os cidadãos russos que se encontram no país, abandonando o cepticismo inicial perante o alarme britânico. Um responsável da associação de agências de turismo russa, citado pela agência Itar Tass, calcula que no país estejam neste momento 45 mil cidadãos nacionais – os últimos dos quais chegaram em voos realizados nas últimas horas.

A agência Reuters adianta que espiões britânicos e norte-americanos interceptaram electronicamente conversações que os fizeram suspeitar de que tivesse sido colocada uma bomba no avião da Metrojet que partiu da estância balnear de Sharm el-Sheik em direcção a São Petersburgo, com passageiros russos. No entanto, não têm dados que o demonstrem de forma categórica, por isso estão todos à espera das provas forenses, das análises químicas ao local da queda do avião e do estudo das caixas negras, para poder ter a certeza de que se tratou de um atentado. Mas seis dias depois do acidente, nada se sabe sobre o conteúdo das duas caixas negras.

Após ser informado por Cameron, Putin foi mais longe do que o Reino Unido, que, na quarta-feira, decidiu suspender os voos de e para Sharm el-Sheik e repatriar os cerca de 20 mil britânicos que ali estavam a passar férias – uma operação iniciada nesta sexta-feira mas que promete ser demorada, já que as autoridades egípcias anunciaram que o aeroporto tem apenas capacidade para realizar durante o dia apenas oito dos 29 voos que estavam programados. 

Especialistas russos colheram amostras nos destroços do avião e no que sobrou das bagagens das 224 pessoas que seguiam a bordo, para serem analisadas em buscas de explosivos. "Se tiverem algo que se assemelhe a uma substância explosiva, vamos detectá-la", garantiu o ministro das Emergências, Vladimir Puchkov, citado pelo site russo Sputnik.

A acção foi, por duas vezes, reivindicada pelo grupo Península do Sinai, movimento jihadista radicado naquela vasta extensão desértica do Egipto e que se associou em 2014 ao autoproclamado Estado Islâmico. Inicialmente, as reivindicações foram desvalorizadas, face à conclusão de que o grupo não possuia mísseis capazes de atingir o avião em voo, mas a tese cada vez mais falada de que a queda do avião resultou de uma explosão a bordo torna mais credível a alegação.

"Penso ser necessário suspender os voos da aviação russa para o Egipto, até que possamos estabelecer as verdadeiras razões do que aconteceu" com o aparelho da Metrojet, disse Alexandre Bortnikov, director dos serviços de informação russos (FSB), citado pela televisão nacional durante uma reunião do Comité Nacional Antiterrorista. Recomendações que Putin acolheu na íntegra, revelou depois o Kremlin.

 

 

 

 

Sugerir correcção
Ler 2 comentários