Comércio entre a China e os países de língua portuguesa caiu 25,45% até Setembro

Portugal é o terceiro maior parceiro lusófono da China, mas o comércio bilateral dos primeiros nove meses do ano diminuiu 6,39%.

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Angola é o segundo maior parceiro dos países da lusofonia no que toca a trocas comerciais com a China. REUTERS/Wang Zhao/Pool

As trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa caíram 25,45% até Setembro, fixando-se em 76,47 mil milhões de dólares (70,25 mil milhões de euros), indicam dados oficiais.

Dados dos Serviços de Alfândega da China – publicados no portal do Fórum Macau – indicam que, nos primeiros nove meses do ano, a China comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 47,81 mil milhões de dólares (43,91 mil milhões de euros) – menos 31,06% – e vendeu produtos no valor de 28,66 mil milhões de dólares (26,32 mil milhões de euros), menos 13,76%.

O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se em 55,6 mil milhões de dólares (51,08 mil milhões de euros) até Setembro, menos 18,51% face a igual período do ano passado.

As exportações da China para o Brasil atingiram 21,9 mil milhões de dólares (20,18 mil milhões de euros), traduzindo uma quebra de 14,51%, enquanto as importações chinesas totalizaram 33,6 mil milhões de dólares (30,9 mil milhões de euros), reflectindo uma descida de 20,9% em termos anuais homólogos.

Com Angola, o segundo parceiro chinês no universo da lusofonia, as trocas comerciais caíram 44,9% para 15,5 mil milhões de dólares (14,2 mil milhões de euros) entre Janeiro e Setembro.

Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 2,93 mil milhões de dólares (2,69 mil milhões de euros) – menos 24,34% – e comprou mercadorias avaliadas em 12,6 mil milhões de dólares (11,59 mil milhões de euros), ou seja, menos 48,21% comparativamente aos primeiros nove meses de 2014.

Já com Portugal, terceiro parceiro da China no universo de países de língua portuguesa, o comércio bilateral ascendeu a 3,3 mil milhões de dólares (3,10 mil milhões de euros) – menos 6,39% –, numa balança comercial favorável a Pequim que vendeu a Lisboa bens na ordem de 2,19 mil milhões de dólares (2,01 mil milhões de euros) – menos 5,89% – e comprou produtos avaliados em 1,18 mil milhões de dólares (1,09 mil milhões de euros), menos 7,30%.

O comércio sino-lusófono encontra-se em rota descendente desde o início do ano, somando quebras anuais homólogas consecutivas até Setembro.

“A conjuntura económica mundial encontra-se perante vários desafios (…). O abrandamento do comércio internacional e a redução dos preços das mercadorias reflectiu-se no valor das importações e das exportações da China”, afirmou o secretário-geral do Fórum Macau, notando, porém, que em termos da quantidade do volume não houve uma diminuição, mas antes um aumento.

Chang Hexi comentou a tendência numa entrevista publicada no mais recente boletim trimestral do próprio Secretariado Permanente do Fórum Macau – datado do início de Setembro.

Só nesse mês, as trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa cifraram-se em 8,63 mil milhões (7,9 mil milhões de euros), um decréscimo de 5,62% face ao mês anterior.

Desde o início do ano – e até Setembro – o valor mensal das trocas comerciais apenas superou a barreira dos 10 mil milhões de dólares uma única vez (Julho).

Os dados divulgados incluem São Tomé e Príncipe, apesar de o país manter relações diplomáticas com Taiwan e não participar directamente no Fórum Macau (Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa).

A China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau como a sua plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o Fórum Macau, que reúne ao nível ministerial de três em três anos.