Festival de BD da Amadora distingue Zombie de Marco Mendes
O melhor álbum BD foi para Marco Mendes, enquanto André Oliveira (melhor argumento) e Nunsky (melhor desenho) foram outros dos distinguidos.
Este sábado à noite, numa cerimónia realizada nos Recreios da Amadora, ficaram a conhecer-se os vencedores dos Prémios Nacionais de Banda Desenhada, no contexto da 26º edição do Amadora BD – Festival Internacional de Banda Desenhada, o mais importante evento a nível nacional no campo da banda desenhada. Na categoria Melhor Álbum Português, o grande vencedor foi Zombie de Marco Mendes.
Nascido em 1978, Marco Mendes, vive no Porto, onde é professor, ilustrador e artista plástico. É também fundador do Clube de Desenho, integra o colectivo artístico A Mula e colabora com o jornal de banda desenhada O Buraco. Dele já se conheciam Diário Rasgado ou Anos Dourados. Por norma nas suas obras o Porto é omnipresente. Em Zombie é uma cidade de sombras, com os seus personagens desfilando por entre dias errantes e noites de boémia, sonhando com acções que criem uma ruptura com o existe, tentando despertar da letargia a urbe agonizante. É um retrato geracional da juventude actual. Um olhar atento sobre o quotidiano, suportado pelo traço algo rude mas realista.
O Melhor Argumento para Álbum Português foi entregue a André Oliveira com Volta – O Segredo do Vale das Sombras, que conta a história de um misterioso ciclista que chega sem saber como a Reste du Monde, uma aldeia parada no tempo, isolada, com regras próprias e aterrorizada por ameaças tenebrosas, e que deposita no inesperado visitante o peso da salvação, apesar de ele mal saber como salvar-se a si próprio. Na categoria de Melhor Desenho para Álbum Português foi distinguido Nunsky com Erzsébet, com o traço característico do autor, que se deu a conhecer nos anos 1990, a prevalecer, através de contornos grossos, negros e fechados, criando objectos gráficos sólidos.
Com o Melhor Álbum de Autor Português em Língua Estrangeira, foi reconhecido Crumbs, uma antologia de 12 histórias feitas por autores portugueses, como Afonso Ferreira, David Soares, Inês Galo ou Pedro Serpa, que pretende celebrar a diversidade da BD portuguesa, enquanto o Melhor Álbum Estrangeiro de Autor Português foi para Loki – Agent of Asgard de Jorge Coelho. Com o Melhor Álbum de Autor Estrangeiro foi elegido Papá em África de Anton Kannemeyer, uma crítica à dominação racial e colonial que ainda hoje atravessa, em pleno pós-apartheid, a sociedade sul-africana, mostrando como certas estruturas sobrevivem à destruição dos quadros legais que lhes deram origem.
O Melhor Álbum de Tiras Humorísticas foi para Toda a Mafalda de Quino, enquanto a Melhor Ilustração de Livro Infantil (autor português) foi entregue a Bernardo P. Carvalho por Daqui Ninguém Passa!, e o autor estrangeiro elegido foi Manuel Marsol por O Tempo do Gigante. O Prémio Clássicos da 9ª Arte foi para O Diário do Meu Pai de Jiro Taniguchi, enquanto Terrea de Ricardo Cabral foi considerada a Melhor Fanzine pelo júri constituído pelo director do Amadora BD, Nelson Dona, pelo autor de BD Pedro Massano, pelo coleccionador Bruno Caetano e por Luís Salvado e Sara Figueiredo Costa, jornalistas e comissários do Ano Editorial. O autor de BD Pedro Massano foi distinguido com o Troféu de Honra pela Câmara Municipal da Amadora.