Campanha pede a jovens que se “apaixonem pela vida” e deixem de fumar

Acção da Associação Portuguesa de Luta Contra o Cancro do Pulmão alerta mais novos para a relação entre o tabaco e estes tumores.

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Em Portugal são diagnosticados, por ano, cerca de 4000 novos casos de cancro do pulmão Pedro Vilela

A Associação Portuguesa de Luta Contra o Cancro do Pulmão lança nesta sexta-feira uma campanha dirigida aos jovens que alerta para os perigos do tabaco. O consumo deste produto é responsável pela maioria dos casos destes tumores malignos, com dez novos por dia em Portugal.

"Apaixona-te pela vida. Não fumes! Informa-te sobre o cancro do pulmão" é o tema da campanha protagonizada por Frederico Morais (campeão nacional de surf), Manuel Luís Goucha (apresentador), Ricardo Carriço (actor), Tomaz Morais (treinador de rugby), e William Carvalho (futebolista). Todos deixam a mensagem "deixa de fumar, escolhe viver a vida, a natureza, o surf, o futebol, as artes, o rugby e tantas outras coisas saudáveis. Não pegues no cigarro. Escolhe um 'vício' saudável".

O presidente da Associação Portuguesa de Luta Contra o Cancro do Pulmão (Pulmonale), António Araújo, explicou que "o objectivo da campanha é trazer para o conhecimento público os sinais e sintomas do cancro do pulmão e os malefícios do tabaco e das suas implicações". O oncologista adiantou que a campanha, que assinala Novembro como o mês de sensibilização para o cancro do pulmão, se destina ao público em geral, mas particularmente às camadas mais jovens "de modo a alertá-los para a relação tabaco/cancro".

Em Portugal, os jovens começam a fumar entre os 15 e os 18 anos, sendo objectivo da campanha apelar para que "não iniciem o consumo de tabaco ou, se já iniciaram, deixarem de fumar". Sobre as razões deste comportamento dos jovens, António Araújo disse que é uma forma de pertencerem a grupos e serem considerados "fixes".

"O tabaco é uma droga que provoca habituação e dependência", mas é socialmente aceite e os jovens "vêem muito o tabaco como uma droga facilitadora de pertencerem aos grupos e serem fixes, no fundo, a serem adultos", disse, sublinhando que as acções de sensibilização tentam desmontar esta imagem, passando antes a mensagem que "levar uma vida saudável, não fumar e praticar exercício é muito mais importante" do que fumar.

Por outro lado, o facto de o cancro do pulmão e as outras doenças associadas ao tabaco surgirem dez, 15 ou mais anos depois de começarem a fumar leva os jovens a não associarem "o risco de desenvolverem a doença ao consumo de tabaco e acaba por não ser interessante deixar de fumar", acrescentou o médico.

Em Portugal são diagnosticados, por ano, cerca de 4000 novos casos de cancro do pulmão e registadas cerca de 3500 mortes. O tabaco está implicado em 85% dos casos desta doença, mas também noutras patologias como a doença pulmonar obstrutiva crónica, enfisema pulmonar e infecções respiratórias baixas, tuberculose pulmonar, doença cardíaca isquémica e doença cerebrovascular.

O cancro do pulmão pode ser assintomático e a sua primeira manifestação surge sob a forma de metástase, o que explica que a sobrevida aos cinco anos seja apenas de 15%. Por isso, as pessoas têm de estar mais atentas alguns sinais como tosse, expectoração, perda de peso, presença de sangue na expectoração, rouquidão ou dor persistente no tórax.