“Cérebro” inventivo de Jesus volta a casa onde foi (e ainda é) feliz

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Francisco Leong/AFP

Na ficha de jogo deparamo-nos com duas estruturas de 4x4x2, embora, quando analisamos a dinâmica ocorrida dentro de campo, depreendemos que este esquema é enganador, por estar desfasado do verdadeiro local onde os jogadores iniciam a sua dinâmica, ou seja, as suas movimentações sistemáticas.

Efectivamente, o Benfica jogou em 4x2x4, com os dois médios (André Almeida e Samaris) isolados num “nenúfar” táctico que não permitiu ligações no início de construção (saída de bola do quarteto defensivo) nem comunicação com os avançados. O Sporting foi uma constante metamorfose de ocupação posicional. Operou em 4x3x3 quando queria fechar defensivamente ou “furar” ofensivamente pelas alas. O 4x4x2, e mesmo o 4x5x1, iam alterando consoante o posicionamento de Teo Gutiérrez, ora pressionava mais em cima (asfixiando os centrais junto de Slimani), ora baixava para junto do miolo e impedia a tranquilidade de passe dos pivots defensivos "encarnados" (uma diminuição de espaços crucial para impedir a transição ofensiva).


O resultado e a superioridade leonina não deixam dúvidas. A abordagem de Jesus ao jogo é extraordinária, a tal transfiguração constante do seu modelo de jogo nasce do seu “cérebro” inventivo. Veja-se o caso de João Mário, “substituto” de… Carillo. Em vez de procurar um jogador que faça o mesmo que o peruano mas com menos qualidade, Jesus preferiu algo diferente. Utiliza o médio português num diálogo com os restantes colegas de sector quando em posse, permite elevada capacidade de ocupação de espaços (contenção) e encurtamentos (pressão).

O regresso de William Carvalho como trinco posicional possibilita uma consistência global e uma harmonia entre todos os momentos de jogo (recua, recupera, progride, entrega) sempre com a mesma qualidade. Adrien foi também fenomenal a condicionar e a construir (o primeiro golo é paradigmático da polivalência que teve no jogo).


A prestação do Benfica foi paupérrima, sob todos os pontos de vista (técnico/táctico/físico e emocional). Os da casa deram réplica apenas durante nove minutos (até ao golo dos "leões"), depois foi o desmoronamento total. O segundo tento nasce de uma jogada previsível do Sporting, cruzamento tenso e com efeito de Jefferson e “testa” perfeita de Slimani (esta tem sido a ligação mais profícua no que a golos diz respeito na temporada). Nesse lance Gaitán não pressionou, Sílvio não permitiu superioridade numérica (visto que não fechou nem a ala nem o meio) e Luisão “adormeceu” na marcação individual.

A segunda parte foi uma formalidade, Rui Vitória não quis ser vexado e fechou a equipa (introduziu mais um médio defensivo ao intervalo) e Jesus não quis ser vexatório (circulando a bola em largura até ao apito final).

 

                                                                                                                                 

                                                                                            

 

 

 

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