Turquia abate drone junto à fronteira com a Síria

Rússia assegura que todas as suas aeronaves estão a "funcionar normalmente". Aviões russos apoiam nova ofensiva do Exército sírio em Alepo.

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A Turquia tinha avisado que não iria tolerar novas incursões Tarik Tinazay/AFP

A Força Aérea turca abateu nesta sexta-feira um drone de origem não identificada que tinha entrado no seu espaço aéreo do país e que terá ignorado três avisos que lhe foram feitos. O incidente aconteceu quase duas semanas depois de dois aviões russos a operar na Síria terem violado o espaço aéreo da Turquia e coincide com uma ofensiva do regime de Assad em Alepo, apoiada pela aviação de Moscovo.  

A estação CNN Turquia noticiou que o aparelho foi abatido por dois caças F-16, despenhando-se sobre a província de Kilis, no Sul do país. A televisão NTV divulgou imagens de soldados a inspeccionar um aparelho de pequenas dimensões, acrescentando que estava a três quilómetros da fronteira com a Síria quando foi interceptado. “Ainda não identificámos a quem pertence. Iremos anunciar a sua origem assim for apurada”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Feridun Sinirlioglu.

Várias das forças a operar na Síria possuem aviões não tripulados, na maioria dos casos apenas para recolha de informações. É o caso dos países que integram a coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, da Força Aérea russa, mas também do Exército sírio e os jihadistas do Estado Islâmico.

“Tudo indica que se trate de um drone russo”, disse um responsável americano, que falou à AFP sob anonimato, acrescentando que a Síria não utiliza o modelo que foi abatido. Isto já depois de um porta-voz do Ministério da Defesa de Moscovo ter dito à agência Itar Tass que "todos os aviões russos na Síria regressaram à base" e que os drones que o país tem na região "funcionam normalmente como previsto". Um responsável sírio ouvido por uma televisão pró-Assad sediada no Líbano garantiu também que nenhum drone sírio entrou na Turquia ou foi abatido.

A situação na extensa fronteira entre a Síria e Turquia – zona pela qual entram combatentes, armas e mantimentos destinados à guerra – tornou-se ainda mais tensa desde a entrada russa no conflito, com uma operação autónoma contra os grupos terroristas activos no país, que os países da NATO dizem ter como principal objectivo apoiar as forças do Presidente Bashar al-Assad na luta contra os rebeldes.

No início do mês, a Turquia, membro da NATO e um dos mais ferozes opositores do regime sírio, reagiu com irritação a duas incursões de aviões russos no seu espaço aéreo e avisou que não hesitaria perante violações da sua soberania territorial. Na quinta-feira, uma delegação russa esteve em Ancara para dar explicações sobre o incidente, que Moscovo atribuiu a um erro resultante das más condições atmosféricas, e explicar que medidas foram adoptadas para evitar a sua repetição, revela o jornal turco Today Zaman. Já nesta sexta-feira, Moscovo anunciou ter acordado com os EUA um conjunto de regulamentos de segurança aérea e assim evitar acidentes – de consequências imprevisíveis – entre os respectivos aviões a operar na Síria.

A apenas 35 quilómetros da fronteira, aviões russos bombardearam nesta sexta-feira vários alvos a sul de Alepo, onde as forças pró-Assad lançaram uma investida destinada a expulsar a rebelião de um conjunto de localidades vizinhas da auto-estrada que liga a cidade ao sul do país. “Esta é a batalha prometida”, disse à Reuters um responsável sírio, adiantando que o Exército conta com o apoio de centenas de milicianos do movimento xiita libanês Hezbollah e, pela primeira vez, de soldados iranianos. É já a segunda grande ofensiva lançada pelas forças pró-Assad desde o início da intervenção russa, somando-se às operações em curso na província de Hama (Centro), o que significa que o regime está agora a combater em várias frentes com o objectivo de recuperar o território perdido para os rebeldes na estratégica região ocidental, onde se concentram as grandes cidades.

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