Papa Francisco pede desculpa por escândalos em Roma e no Vaticano

Palavras "vagas e genéricas" do Papa causaram surpresa. Vaticanistas acreditam que Pontífice estava a referir-se à confissão de homossexualidade de padre polaco.

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Papa Francisco desculpou-se por escândalos recentes envolvendo homens da Igreja AFP/VINCENZO PINTO

O Papa Francisco fez um pedido público de desculpas por escândalos recentes “quer em Roma, quer no Vaticano”. As palavras do Papa, pronunciadas durante o seu habitual discurso na audiência geral semanal na Praça de São Pedro, causaram surpresa aos observadores do Vaticano, que na ausência de mais explicações, sugeriram que o pontífice estaria a referir-se ao caso do padre polaco demitido do cargo depois de ter confirmado um relacionamento homossexual.

“Antes de começar o catecismo, em nome da Igreja, quero pedir desculpa pelos escândalos ocorridos recentemente, quer em Roma quer no Vaticano. Peço o vosso perdão”, disse o Papa, aos milhares de católicos reunidos no Vaticano, no início da celebração semanal.

Francisco não indicou que escândalos seriam esses, levando o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, a esclarecer mais tarde que as desculpas do Pontífice tinham a ver com os casos que envolviam “responsabilidades de homens da Igreja” e não “situações políticas” – como por exemplo a demissão do autarca de Roma, Ignazio Marino, sob suspeita de ter usado verbas públicas para o pagamento de despesas pessoais.

Além das acusações de corrupção, Marino estava debaixo de forte pressão por causa das críticas aos preparativos da cidade para receber os milhões de peregrinos esperados para o Ano Jubileu da Igreja, que começa na segunda semana de Dezembro.

Mas perante as explicações de Federico Lombardi, que admitiu que Francisco foi demasiado “vago e genérico”, os vaticanistas concordam que o Papa estaria a pensar nas acções da Igreja após a revelação do monsenhor Krzysztof Charamsa, que deu conta da sua “felicidade” e “orgulho” por estar envolvido com outro homem. A exposição da sua homossexualidade, disse, foi um risco pensado para desafiar as atitudes retrógradas da Igreja.

As declarações do padre e teólogo polaco de 43 anos de idade valeram-lhe a demissão do cargo que ocupava no gabinete doutrinário do Vaticano desde 2003, e uma repreensão pública por parte da Igreja, que considerou o seu comportamento “muito irresponsável”.

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