Dois rockets atingem terrenos da embaixada da Rússia em Damasco
Explosivos foram lançados no momento de uma manifestação a favor da intervenção russa na guerra, mas não causaram estragos ou feridos. Jihadistas ameaçam atacar Moscovo.
“É um acto evidente de terrorismo”, disse o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, à entrada para um encontro em Moscovo como o enviado especial das Nações Unidas para a Síria, Staffan de Mistura. “[É] provavelmente destinado a intimidar apoiantes da luta contra o terrorismo”, concluiu o responsável russo.
O disparo de mísseis contra a capital não é incomum. Rebeldes e extremistas controlam uma parte importante dos subúrbios de Damasco, de onde por vezes disparam rockets contra forças do regime ou zonas residenciais. O regime, no entanto, responde quase sempre com grandes bombardeamentos a Ghouta, uma zona de alta densidade populacional. Muitas vezes com consequências trágicas.
O ataque desta terça-feira atingiu os terrenos da embaixada, mas ficou longe das centenas de pessoas que lá se manifestavam a favor da intervenção russa na Síria. O primeiro rocket caiu a cerca de “200 metros dos participantes”, segundo contou à televisão estatal Russia Today um jornalista sediado em Damasco, Alaa Ebrahim. O segundo explosivo caiu passados poucos minutos, também sem causar estragos ou feridos.
A campanha aérea da Rússia na Síria tem-se concentrado nos grupos que combatem Assad no Noroeste do país e que mais perigosos são para o domínio do Presidente. As bombas de Moscovo permitiram nas últimas semanas que as forças leais ao regime recuperassem partes importantes do território que Assad perdeu nos últimos meses. Um alvo preponderante tem sido o Exército da Reconquista, uma coligação de radicais islamistas que governa Idlib e integra o poderoso braço da Al-Qaeda na Síria, a Frente al-Nusra.
Na noite de segunda-feira, a Frente al-Nusra publicou uma gravação em que o seu líder apelava a que jihadistas no Cáucaso atacassem a Rússia pela sua campanha contra o grupo na Síria. “A guerra na Síria fará com que os russos esqueçam os horrores que encontraram no Afeganistão”, disse Abu al-Julani, referindo-se à campanha da União Soviética nesse país, que terminou com a retirada de Moscovo ao fim de quase dez anos de guerra.
“Olho por olho”, afirmou al-Julani. “Se o exército russo mata o povo da Síria, então matem o povo deles.”