Netanyahu diz que “o terrorismo das facadas não vencerá"
Mais dois mortos e cinco feridos nos últimos casos da vaga de violência israelo-palestiniana que começou no princípio do mês.
A primeira situação ocorreu de manhã próximo da Porta dos Leões, uma entrada da Cidade Velha. A polícia informou que um agente mandou parar um jovem para um controlo de identidade e lhe ordenou que mantivesse as mãos afastadas dos bolsos. Acusa-o de se ter aproximado com uma faca na mão e de atingir o polícia no colete de protecção. “Saiu ileso e outros polícias reagiram com rapidez, dispararam e mataram-no.”
Um palestiniano que afirma ter visto o que aconteceu contou à Reuters que a polícia gritou com o jovem, de 18 anos, e disparou quatro vezes. “Não lhe vi nenhuma faca”, disse Hussam Wshah. “O rapaz ia a andar quando gritaram para ele. Pode nem tê-los ouvido.”
Já da parte da tarde, as forças de segurança israelitas informaram que um guarda israelita foi atacado perto da sede da polícia em Jerusalém, por uma rapariga de 17 anos, que o esfaqueou, ferindo-o ligeiramente, mas que ele reagiu e disparou sobre ela, ferindo-a.
Algum tempo depois, na colónia israelita de Pisgat Zeev, também em Jerusalém Oriental, dois jovens israelitas, um de 13 e outro de 20 anos, foram - segundo a polícia - atacados com facas e feridos com gravidade por dois jovens palestinianos, um de 13 e outro de 17 anos. Não se conhecem pormenores, mas foi noticiado que um dos palestinianos foi morto a tiro e outro ferido.
A maior vaga de violência de rua dos últimos anos, a que a polícia israelita tem respondido com dureza, motivou uma declaração do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, no Parlamento. “O terrorismo das facadas não nos vencerá.”
Para esta terça-feira, os árabes israelitas, cerca de 17,5% da população de Israel, apelaram a uma greve geral.
As tensões sempre latentes entre palestinianos e israelitas ganharam nova expressão depois da morte de dois colonos na Cisjordânia, no dia 1 de Outubro, atribuída pelo Governo de Israel ao Hamas. O caso marcou o início de uma nova espiral de violência, com confrontos entre jovens que atiram pedras e forças israelitas, agressões entre palestinianos e colonos e ataques com facas.
Ao recrudescimento da violência não será estranha a frustração face ao impasse em que caíram os esforços de paz, apesar de algumas vitórias simbólicas da causa palestiniana, como foi o recente hastear da bandeira na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.
Para além de Jerusalém, os indicidentes alastraram já à Cisjordânia ocupada por Israel e à Faixa de Gaza governada pelo movimento Hamas, onde ataques aéreos israelitas, em resposta ao lançamento de rockets, mataram no domingo uma palestiniana grávida e a filha de dois anos.
Pelo menos quatro israelitas e 25 palestinianos, incluindo seis crianças, foram mortos nos últimos 12 dias em actos de violência, aparentemente sem coordenação entre si, que se multiplicaram desde que aumentaram as visitas de judeus à mesquita de al-Aqsa, erguida no local de templos bíblicos destruídos. Os funerais não fazem mais do que alimentar rancores.
Da prisão, o activista e figura maior do movimento palestiniano, Marwan Barghouti, acusou Israel de preferir "a ocupação à paz". Numa carta divulgada no domingo, escreve que a violência “não começou com a morte de dois colonos israelitas, começou há muito tempo e há anos que continua. Todos os dias há palestinianos que são mortos, feridos, detidos. Todos os dias avança o colonialismo, prossegue o cerco dos habitantes de Gaza, persiste a opressão”.
O agravamento da situação faz crescer as preocupações a nível internacional. O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, falaram ao telefone com Benjamin Netanyahu. A mensagem da representante europeia foi que “é preciso pôr fim aos actos de terrorismo e evitar reacções desproporcionadas”.