Criança baleada na cabeça por amigo, enquanto brincavam

Rapazes encontraram revólver na garagem da casa de familiares, em Braga. Vítima foi em estado crítico para Hospital de S. João, no Porto. Dono da arma ilegal foi detido.

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Foi nesta casa na freguesia de S. Paio de Merelim que tudo aconteceu João Silva
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A situação ocorreu em casa do padrinho da vítima a quem pertencerá o revólver usado. “Os dois rapazes estavam a brincar na garagem da moradia, enquanto dois adultos, o padrinho do rapaz alvejado e o pai do que disparou a arma, conversavam dentro da habitação”, explicou o tenente coronel Vaz Lopes da GNR de Braga. Os dois rapazes encontraram o revólver, que estava guardado na garagem, e “decidiram experimentá-lo, tendo um deles virado a arma à cabeça do outro”, acrescentou ainda o responsável da GNR. De acordo com a GNR, o revólver foi apreendido. Fonte policial adianta que a arma estava, de facto, guardada na garagem, mas o acidente ocorreu no quarto, dentro da casa.

Natália Primo estava no cabeleireiro da mãe da vítima quando ela recebeu a chamada telefónica de um familiar dando conta do incidente. “Entrei com ela em casa, porque não a quis deixar vir sozinha. Quando chegámos, o menino estava no chão do quarto, sem sentidos, sem qualquer reacção e nos braços da tia”, conta. Natália Primo adiantou ainda que o ferimento da criança foi na zona da testa. Segundo fonte policial, após o acidente ocorrido na garagem a madrinha da vítima terá levado a criança ferida para o quarto. Fonte do INEM adiantou ao PÚBLICO que a bala terá ficado alojada na cabeça, junto à têmpora esquerda.

Dentro da casa de uma vizinha estava a outra criança, autora do disparo, “em pânico”, segundo a mesma testemunha: “Ele só dizia que não queria ter feito aquilo e que estavam apenas a brincar.” “Estava muito assustado.”

A vítima costumava ir para casa do tio-avô na zona residencial da freguesia de S. Paio de Merelim. O tio-avô está aposentado e as duas crianças iam com frequência para a moradia no final das aulas. Eram bons amigos e brincavam quase todos os dias juntos. A vítima ficava na casa do familiar até que a mãe, que tem um cabeleireiro nas proximidades, terminasse o trabalho e o fosse buscar.

Na rua sem saída, ladeada por vivendas de dois andares e fechada pela casa onde aconteceu o incidente, estiveram vários elementos da GNR e da PJ, que está a investigar o caso, e o INEM, que, além de ter socorrido a vítima, fez deslocar uma equipa de psicólogos para prestar apoio à família da vítima e à criança autora do disparo. Sem que se notasse a presença dos vizinhos, os familiares estiveram também no exterior da casa durante algumas horas a prestar todos os esclarecimentos às autoridades.

Fonte do Hospital de Braga, para onde a vítima foi inicialmente transportada, precisou ao PÚBLICO que a criança se encontra em “estado muito grave, a necessitar de cuidados de neurocirurgia pediátrica”, especialidade que não existe naquela unidade de saúde. “Corre perigo de vida”, adiantou. A criança de 9 anos deu entrada no hospital de Braga e foi avaliado pela equipa de urgência deste hospital, onde foi estabilizada. A vítima encontrava-se “em estado crítico” e o seu prognóstico “é reservado”, avançou ao PÚBLICO a médica chefe de equipa do serviço de urgência do hospital de bracarense, Soraia Oliveira. Pelas 19h20, a criança aguardava ainda pela transferência, para o Hospital de S. João (Porto), numa ambulância especializada em transporte pediátrico inter-hospitalar.

Pouco depois das 20h, a vítima deu entrada no Hospital de S. João, confirmando-se o “prognóstico reservado”. Segundo fonte hospitalar, a criança está internada na unidade de cuidados intensivos pediátricos para avaliação das lesões cerebrais.

Militares da GNR e inspectores da PJ deslocaram-se para o local por volta das 18h, assim como elementos do Laboratório de Polícia Científica da PJ, que estiveram a recolher vestígios que poderão vir a ajudar na investigação.

Ao contrário do que acontece em países como os EUA e mesmo o Brasil, os casos de crianças e jovens que disparam sobre outras ou sobre si próprias não são comuns em Portugal. Ainda assim, não são inéditos. Quase sempre, o acidente acontece em contexto de brincadeira.

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