Pedras, facas e balas em novo conflito israelo-palestiniano

Os sectores mais radicais de ambos os lados apelam ao endurecimento dos confrontos. As mortes aumentam, mas por enquanto os episódios sangrentos são isolados.

Manifestante palestiniano na fronteira Norte da Faixa de Gaza
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Manifestante palestiniano na fronteira Norte da Faixa de Gaza Mohammed Salem/Reuters
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Em Khan Younés (Sul de Gaza), o Exército israelita matou cinco jovens palestinianos e feriu 25 Mohammed Salem/Reuters
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A guerra das pedras em Khan Younés (Sul de Gaza Mohammed Salem/Reuters
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Ismail Haniye, do Hamas, disse que Gaza está pronta para a "Intifada de Jerusalém" Mohammed Salem/Reuters
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Confrontos desta sexta-feira em Hebron, na Cisjordânia HAZEM BADER/AFP

De acordo com os serviços de segurança palestinianos, Mohammed al-Raqab, de 15 anos, e outro jovem de 19 anos ainda não identificado foram mortos em Khan Younés (Sul de Gaza), quando os soldados do lado de lá da fronteira dispararam contra um grupo de jovens que lhes lançava pedras — as pedras são uma arma da resistência palestiniana à ocupação israelita e já houve duas guerras que receberam o nome de Intifada (guerra das pedras). Noutra zona da Faixa, a Leste, e de forma idêntica, foram mortos Ahmed al-Hirbaoui, Chadi Daoula e Abed al-Wahidi, todos de 20 anos.

Evitar que este tipo de protesto alastre é o objectivo declarado do Exército israelita, na justificação que deu para os disparos para o lado de lá da fronteira. "Cerca de 200 palestinianos aproximaram-se da barreira [separadora na fronteira] e atiraram pedras e incendiaram pneus. As forças no local atiraram sobre os principais instigadores para os impedir de avançar e para os dispersar", disse à AFP um porta-voz do Exército israelita.

A violência entre as duas comunidades voltou no início de Outubro, quando um casal de colonos israelitas foi morto à frente dos quatro filhos na Cisjordânia. Dois dias depois, dois israelitas foram mortos à facada na Cidade Velha, na Jerusalém ocupada (Oriental), levando o Governo a fechar temporariamente toda a zona, que inclui o Pátio das Mesquitas, aos palestinianos que ali não residissem, o que provocou novas respostas.

O Governo do primeiro-ministro Benjamim Netanyahu advertiu que ataques contra cidadãos israelitas seriam punidos com "mão de ferro". "Vamos quebrar esta cadeia de terror tal como o fizémos anteriormente", disse. As suas palavras também motivaram novas revoltas palestinianas, que alastraram em Jerusalém Oriental, na Cisjordânia e desde esta sexta-feira também na Faixa de Gaza. Desde 1 de Outubro, os ataques realizados por jovens palestinianos aumentaram, sobretudo com facas, tendo dois israelitas morrido e 13 ficado feridos. Cinco dos atacantes foram mortos, dois deles esta sexta-feira.

Só nesta sexta-feira, e segundo o Jerusalem Post, houve ataques e confrontos em Azzun, Shilo e Ramallah (Cisjordânia), uma manifestação que degenerou em violência em Gaza e outra em Hebron, esfaqueamentos em Jerusalém e Afula (uma palestiniana tentou esfaquear soldados numa estação de camionetes israelita, foi baleada).

Os episódios, para já, ainda são isolados. Apesar das declarações de Netanyahu — que começou a aplicar as anunciadas medidas mais duras, como a demolição de casas de palestinianos culpados da morte de israelitas; há outras previstas: o maior policiamento dos territórios ocupados e a detenção sem julgamento de suspeitos de ataques contra israelitas —, não há de momento uma resposta, de qualquer dos lados, em larga escala, como aconteceu no Verão do ano passado, quando aconteceu mais uma guerra em Gaza.

A tensão, porém, está a escalar e a alastrar, com o Governo israelita a reforçar a presença militar em zonas consideradas de risco. Esta sexta-feira, e depois de ter anunciado que permitiria a entrada de homens maiores de 45 anos (e todas as mulheres) nos locais de oração da Cidade Velha de Jerusalém, Netanyahu mandou aumentar o número de militares nas zonas de acesso ao Pátio das Mesquitas. A ala mais dura do seu partido, o Likud, tinha-lhe exigido que desse sinais de força nas ruas. O deputado Avi Dichter, por exemplo, defendera que Jerusalém Oriental deve ficar a "parecer-se com uma base militar".

Os sectores mais radicais de ambos os lados deste conflito fazem apelos a uma acção mais dura contra o inimigo — o processo de paz está parado. Na quinta-feira, o jornal Ha’aretz dava conta da preocupação dos serviços secretos com possíveis acções de grupos extremistas judeus contra palestinianos — em Julho incendiaram uma casa em Duma, no Norte da Cisjordânia, matando um bebé, o seu pai e a sua mãe.

Apesar de Mahmoud Abbas, o presidente da Autoridade Palestiniana, ter dito que "não querer uma escalada" no conflito - o Jerusalem Post cita fontes da segurança israelita que disseram que Abbas está a trabalhar para "acalmar os ânimos na Cisjordânia" - , o Hamas, o grupo islamista que controla a Faixa de Gaza, diz estar pronto para um novo confronto, feito de pedras e de facas. "Apelamos a que a actual Intifada seja reforçada. Gaza asumirá o seu papel na Intifada de Jerusalém e está mais do que pronta para o confronto", disse o chefe do Hamas na Faixa, Ismaïl Haniyeh.

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