Teatro Romano reabre para nos dar mais um pouco da história de Lisboa
Depois de dois anos encerrado, e quase uma década de campanhas arqueológicas, reabriu ao público o Museu do Teatro Romano, em Alfama, a caminho do Castelo de São Jorge.
Foi o primeiro teatro romano a ser descoberto em Portugal, alguns anos depois do terramoto de 1755. Nas ruínas da tragédia que destruiu Lisboa, encontravam-se outras ruínas. Há uma história já longa para ser contada, mas que até hoje permanece pouco conhecida do público em geral. Foi para isso que, em 2001, se inaugurou este museu, embora tenha funcionado um pouco de forma intermitente – investigações e escavações arqueológicas a isso obrigavam. Setembro de 2015 marca agora o início de uma nova vida no número 3 da Rua de São Mamede, em Alfama.
“Foi demasiado tempo mas 12 anos de campanhas fazem-se acompanhar de uma investigação histórica e científica que permite hoje termos um conhecimento aprofundado da história de Felicitas Iulia Olisipo [designação atribuída à cidade de Lisboa na época romana]”, começou por dizer a arqueóloga Lídia Fernandes, coordenadora do Museu do Teatro Romano de Lisboa. “Ficámos a conhecer muito mais a cidade antes de ser cidade”, continuou, explicando que desde que o museu encerrou portas definitivamente em 2013 para esta grande operação de reabilitação que novos vestígios foram descobertos no local. “O museu é isto tudo, a história do que hoje é Lisboa”, disse a responsável, por entre as ruínas e próximo daquele que há muitos séculos terá sido o palco.
São estas ruínas que podíamos espreitar ao passar na rua a caminho do Castelo de São Jorge, sem percebermos ao certo o que estávamos a ver. Com a nova museografia, isso acabou. Podemos não só entrar neste espaço, como temos legendas explicativas para tudo aquilo que vemos. Do outro lado da rua fica o museu, que funcionará de terça-feira a domingo, das 10h às 18h – as entradas custam dois euros.
“Este é um momento único e especial”, disse Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, admitindo que a relação da autarquia com a arqueologia nem sempre é fácil. “Mas aqui foi inequívoco, temos de perceber bem o que a cidade precisa e este projecto fez todo o sentido”, disse, destacando que o investimento na Cultura é um investimento na cidade. “A Cultura não é um adereço ou um elemento externo, não é um extra, nem pode estar dependente dos ciclos de quem manda. A Cultura liga-nos uns aos outros”, defendeu o autarca, para quem a “valorização da Cultura é elemento central da actividade na Câmara”.
Aos discursos seguiu-se uma visita guiada ao museu, durante a qual Medina se mostrou interessado em perceber tudo aquilo que via. As intervenções realizadas na última década no espaço, virado para o Tejo, deixaram a descoberto novas estruturas, agora identificadas e devidamente iluminadas. É possível até caminhar por entre estes vestígios através de passadiços metálicos, observar outros exemplos expostos nas vitrinas e até manusear algumas peças que imitam as dos tempos em que ali existia um teatro para melhor se perceber do que trata.
Na renovação do edifício e do projecto museológico houve ainda a preocupação de tornar o espaço acessível a todos e, por isso, há agora um elevador e infra-estruturas adaptadas a pessoas com mobilidade reduzida, assim como legendas em braille.
O Museu do Teatro Romano é um dos cinco núcleos sob a alçada do Museu de Lisboa, antigo Museu da Cidade, dirigido por Joana Sousa Monteiro. Fazem parte do Museu de Lisboa, além do Teatro Romano, o Palácio Pimenta (onde funcionava o Museu da Cidade, cujo espólio permanece no mesmo local), o Museu de Santo António, o piso térreo da Casa dos Bicos e o Torreão Poente, do Terreiro do Paço.